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Minissérie “Adolescência” provoca reflexão sobre o tempo e a juventude

  • abril 11, 2025
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Minissérie da Netflix usa planos longos para refletir sobre tempo e juventude em meio à pressa digital e ao consumo rápido de conteúdo.

Minissérie “Adolescência” provoca reflexão sobre o tempo e a juventude

A juventude sob o olhar do tempo

A recente minissérie da Netflix, “Adolescência”, tem provocado reflexões sobre os desafios enfrentados pelos jovens hoje em dia. A trama aborda temas como bullying, redes sociais e conflitos familiares, mostrando como a adolescência é uma fase de mudanças rápidas e de uma relação entre tempo e juventude.

Um dos destaques técnicos da série é o episódio filmado em plano-sequência, ou seja, sem cortes. Essa escolha é marcante porque contrasta com a maneira como as gerações Z e Alfa se acostumaram a consumir conteúdo: com vídeos curtos e acelerados no TikTok e nos stories do Instagram. O ritmo contínuo e mais “lento” da série exige atenção e paciência, desafiando uma geração que vive marcada pela ansiedade e pela necessidade de respostas rápidas.

Reflexões filosóficas sobre o tempo

Essa discussão sobre o tempo não é nova. O filósofo Santo Agostinho, que viveu nos séculos IV e V, por exemplo, já refletia sobre como o tempo não é algo externo e objetivo, mas uma experiência interna. Segundo ele, sentimos o passado pela memória, o presente pela atenção e o futuro pela expectativa.

Mais recentemente, o filósofo alemão Martin Heidegger, que viveu no século XX, também falou sobre isso. Para ele, o tempo está diretamente ligado à existência humana. Nós somos seres que vivem pensando no que passou e no que ainda está por vir. O presente, nesse sentido, nunca está totalmente separado desses outros tempos.

O cineasta russo Andrei Tarkovski também contribuiu significativamente para o pensamento sobre o tempo, especialmente no cinema. Para ele, o tempo era a essência da arte cinematográfica. Tarkovski acreditava que o cinema deveria “esculpir o tempo”, ou seja, registrar o tempo real vivido pelos personagens e pelos objetos em cena, permitindo que o espectador experimentasse esse tempo de forma sensorial e profunda.

Em obras como “Stalker” (1979) e “O Espelho” (1975), Tarkovski adota um ritmo contemplativo, com longos planos e pouca ação, convidando o público a entrar num estado de reflexão, quase meditativo, em que o tempo não é comprimido, mas expandido.

O tempo no cinema

Essas ideias também aparecem no documentário “Quanto Tempo o Tempo Tem?”, dirigido por Adriana L. Dutra e codirigido por Walter Carvalho, disponível na Netflix. O filme explora a ideia de que o tempo é uma construção social e cultural, variando significativamente entre diferentes sociedades. Somos convidados a refletir sobre como utilizamos o nosso próprio tempo e como a percepção temporal afeta nossas vidas e escolhas.

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Além da série “Adolescência”, outras produções utilizaram a técnica de planos-sequência para explorar a percepção temporal. A título de exemplo, temos o clássico Goodfellas (1990), com uma tomada de três minutos, e Arca Russa (2002), filmado em um único plano de 87 minutos.

Ainda mais impressionantes são títulos como Birdman (2014) e Filhos da Esperança (2006), que utilizam recursos técnicos para simular um tempo contínuo. Essa técnica aproxima o espectador da verdade emocional dos personagens, criando uma experiência quase sensorial.

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Em síntese, tanto “Adolescência” quanto as obras que refletem sobre o tempo nos provocam a parar. Apesar disso, vivemos mergulhados em notificações, estímulos e urgências. Entretanto, talvez seja hora de desacelerar.

Tempo e juventude se entrelaçam em um chamado à atenção. Por fim, a grande pergunta é: você tem vivido o seu tempo — ou apenas atravessado ele?

Links e fontes citada relevantes:

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