O Cineclube Lumiar, além de exibir filmes, promove discussões e debates que enriquecem o público de Lumiar e de Nova Friburgo. Com programação que aborda temas locais e universais, como mudanças climáticas e identidade cultural, o cineclube se destaca por sua proposta de fortalecer a cidadania e preservar a memória cultural local. Desde sua fundação, o Cineclube Lumiar tem realizado sessões aos domingos, atraindo jovens e adultos para reflexões que ampliam a compreensão sobre cinema e sociedade.
O espaço de exibição atual do cineclube é a Sociedade Musical Euterpe Lumiarense, que recentemente foi modernizada com novos projetores e sistemas de som, graças ao apoio da Lei Paulo Gustavo. Com a infraestrutura renovada, o cineclube oferece uma experiência mais imersiva, reforçando seu compromisso com a acessibilidade e a inclusão.
Pedro Kiua, fundador do Cineclube Lumiar, explica que o projeto foi motivado pela vontade de criar um espaço acessível para a população discutir cinema e desenvolver um olhar crítico. Em suas palavras, “o cineclube serve como um local de resistência cultural, contra o obscurecimento de questões sociais importantes, reunindo pessoas interessadas em arte e cultura”. Além disso, ele destaca que o Cineclube Lumiar tem expandido suas ações para além de Lumiar, buscando parcerias em outros eventos de Nova Friburgo e participando de festivais locais.
Agora vamos conversar com Pedro Kiua, graduado em Cinema pela UFF, amante da sétima arte e com trajetória de obter exibições de cineclube ininterruptas em Nova Friburgo:
Qual foi seu maior motivador para criar o Cineclube Lumiar?
Pedro: Quando cheguei em Lumiar senti falta de espaços de troca na comunidade. Queria conhecer mais gente e identificar as pessoas que também eram apaixonadas por cinema e trabalhavam com o audiovisual. Então o cineclube foi este espaço que eu gostaria que existisse e onde era possível eu também oferecer um serviço à comunidade através dos meus saberes e meu conhecimento (tinha acabado de me formar em Cinema) e ao mesmo tempo ter trocas mais profundas e sensíveis sobre a vida local. Ao longo do tempo as pessoas que frequentavam a sessão passaram a fazer parte da equipe, somando forças e ajudando a manter as atividades do cineclube.
Na sua opinião, como as sessões de cinema têm agregado valor à comunidade lumiarense?
Pedro: Nosso slogan é “Cineclube: lugar de bons encontros”. Essa é a nossa maior força. Promovemos encontros. Entre as pessoas que moram na comunidade que muitas vezes não se conhecem, entre o público e o cinema brasileiro, muitas vezes o primeiro contato das pessoas com a cinematografia nacional (já que não há aparelhos culturais ou salas de cinema nos distritos onde o cineclube atua), promovemos encontros entre os espectadores e os realizadores dos filmes, entre o poder público e a comunidade, entre os artistas da dança, da música e dos movimentos culturais…
Nas sessões promovemos não só a cinefilia, mas também o senso crítico, falamos de inclusão, meio ambiente, acessibilidade e de temas LGBTQIA+. Convidamos o público a se responsabilizar para pensar em soluções para os problemas da nossa região. A força desses encontros promove possibilidades de se pensar e sonhar para a região. Desses encontros, ao longo dos anos, surgiram novas ideias para a comunidade como a Feira da Terra e inspiração para outros movimentos culturais também, como o Fórum Popular de Cultura de Lumiar e Biorregião e até mesmo outros cineclubes.
O Cineclube Lumiar tem expandido suas atividades além de Lumiar; como está sendo a aceitação do público?
Pedro: O Cineclube é também itinerante. Atuamos nas escolas diversas vezes, já fizemos sessões em parceria com Cine Revés na comunidade de Cordoeira em Nova Friburgo e muitas vezes somos convidados para mediações e debates além de curadorias para eventos de cinema na região, como aconteceu neste último Festival de Inverno, na Usina Cultural e também no projeto CineSesc.
Vamos também até onde o público. Frequentemente fazemos participações e sessões especiais no Café Coragem e na Mercada, dois dos lugares mais badalados de São Pedro da Serra.
Importante dizer que o cineclube faz parte da ascine e de outras associações levando a importância da agenda da região serrana para as discussões também sobre disseminação da cultura no interior do estado.
Quais eventos futuros em Nova Friburgo contarão com a colaboração do Cineclube Lumiar?
Pedro: Além de manter nossa regularidade semanal, aos domingos, com as sessões na Euterpe Lumiarense, queremos em 2025 voltar a fazer exibições ao ar livre nas praças do distrito. Faz parte dos nossos planos cada vez mais entrar no circuito de lançamento de filmes nacionais e trazer essas obras “de primeira mão” para nosso público. E é claro, estamos abertos aos convites de parceria e colaboração com eventos culturais da cidade.
Daqui a quatro anos, o Cineclube Lumiar completará 20 anos. Qual é o balanço que você faz dessas quase duas décadas de exibições ininterruptas?
Pedro: O Cineclube Lumiar é e sempre foi antes de tudo um lugar de resistência. Um lugar onde precisamos dividir as decisões e a gestão. Isso nos fortaleceu enquanto comunidade. Durante muitos anos mantivemos as sessões sem nenhum apoio, patrocínio ou verba, apenas com o trabalho voluntário do coletivo. Entendi nesses 20 anos que o Cineclube faz parte da memória de Lumiar. Temos debates filmados, registrando não só a história de uma época, mas também as transições que foram acontecendo. Cineclube é um lugar de criatividade, um catalisador de transformações sociais.