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Cinema na Educação: A Arte como Aprendizagem e Emancipação

  • novembro 28, 2024
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Como pedagogo e cineasta, vejo o cinema como uma ferramenta educativa poderosa, capaz de enriquecer o ensino e romper com a monotonia do currículo tradicional. Por Leo Arturius

Cinema na Educação: A Arte como Aprendizagem e Emancipação

Ao explorar o documento Pedagogia do Cinema na Escola, de Luciano Bugarin, tive a oportunidade de refletir profundamente sobre a integração do cinema como prática pedagógica e seu potencial transformador na sala de aula. Como pedagogo e cineasta, acredito que o cinema é muito mais que uma arte visual envolvente; ele é uma poderosa ferramenta de ensino, capaz de romper com a monotonia curricular tradicional e proporcionar uma experiência educativa rica e significativa.

Desde o início, o texto destaca que a escola brasileira ainda mantém práticas excludentes e homogêneas, que ignoram a diversidade cultural dos alunos. Essa abordagem eurocêntrica limita a identidade e a expressão dos estudantes, restringindo o espaço para que suas culturas e experiências sejam valorizadas. O cinema, nesse contexto, é apresentado como uma alternativa inclusiva e transformadora, que desperta o interesse dos alunos e proporciona uma educação mais alinhada com a realidade social e cultural de cada um.

Para ilustrar essa abordagem, o autor analisa duas experiências práticas. A primeira, ocorrida em Nova Friburgo após uma tragédia natural, propôs que alunos criassem um filme-denúncia sobre as consequências sociais e estruturais do desastre. Eles entrevistaram moradores, capturaram imagens do bairro e refletiram sobre o impacto do evento em suas vidas. Essa experiência não apenas despertou o senso crítico nos estudantes, como também criou uma conexão emocional com o conteúdo, tornando o aprendizado profundamente pessoal e relevante.

Nova Friburgo vista da pedra do Imperador.
Nova Friburgo vista da pedra do Imperador.

A segunda experiência, realizada em São Paulo, envolveu alunos do ensino médio em um projeto documental sobre o lugar onde vivem. Eles foram incentivados a refletir sobre questões sociais e ambientais em suas comunidades, explorando temas como organização urbana e condições de transporte público. A prática do documentário permitiu que desenvolvessem uma consciência crítica sobre seu próprio ambiente e sociedade, reforçando o papel do cinema como meio de expressão e reflexão.

Um dos aspectos que mais me chamou a atenção foi a defesa da interdisciplinaridade como estratégia para tornar o ensino mais relevante e conectado com a realidade dos alunos. A prática audiovisual permite integrar conteúdos de diversas disciplinas, promovendo um aprendizado mais completo. Ao realizar um filme, os alunos não apenas aprendem técnicas cinematográficas, mas também exploram temas relacionados à língua portuguesa, artes, ciências sociais e outras áreas do conhecimento. Essa integração facilita uma compreensão mais profunda dos conteúdos curriculares, alinhada às vivências e expectativas dos estudantes.

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O texto também destaca o protagonismo e a autonomia dos alunos no processo educativo. Ao serem incentivados a criar seus próprios filmes, os estudantes se tornam agentes ativos na construção do conhecimento. Eles assumem responsabilidades, tomam decisões criativas e colaboram em equipe, desenvolvendo habilidades sociais e comunicativas. Essa abordagem valoriza as vozes dos alunos, reconhecendo suas experiências e culturas como elementos fundamentais para o aprendizado. Eles deixam de ser meros receptores de informações e passam a ser produtores de cultura e conhecimento, o que contribui para sua emancipação e autoestima.

Reconheço ainda a importância crucial da mediação do professor nesse processo. O docente atua como facilitador, orientando os alunos e adaptando o planejamento conforme as necessidades e interesses da turma. O texto enfatiza a necessidade de um currículo flexível, que permita lidar com o imprevisível e abra espaço para a criatividade e a expressão individual. Isso exige do professor uma postura aberta e receptiva, disposto a repensar práticas tradicionais e a incorporar novas metodologias que valorizem a participação ativa dos alunos.

Alunos assistem A Fantástica Fábrica de Chocolate de Tim Burton
Alunos assistem A Fantástica Fábrica de Chocolate de Tim Burton

O cinema, então, é apresentado como uma ferramenta poderosa para a emancipação e o desenvolvimento da consciência social dos alunos. As experiências relatadas, como o filme-denúncia em Nova Friburgo e os documentários sobre comunidades em São Paulo, evidenciam como o cinema pode promover reflexões profundas sobre questões sociais relevantes. Os alunos são encorajados a explorar temas que impactam suas vidas e comunidades, desenvolvendo senso crítico e responsabilidade social. Essa prática os ajuda a compreender seu papel na sociedade e os motiva a atuar como agentes de transformação.

Concluo, portanto, que a pedagogia do cinema na escola transcende a simples utilização de ferramentas audiovisuais para abordar temas curriculares. Trata-se de uma prática social e cultural que instiga a alteridade e valoriza a individualidade dos alunos. O cinema, como ferramenta educativa, oferece um espaço para que os estudantes compreendam a importância de sua voz, incentivando-os a se verem como agentes de transformação social. Assim, essa prática se torna indispensável para uma educação que pretende ser, de fato, significativa e emancipadora.

Confira o texto de Luciano Bugarin https://www.academia.edu/55435361/Pedagogia_Do_Cinema_Na_Escola?email_work_card=view-paper

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