Dia Mundial da Aids: A história do Laço Vermelho e os desafios na luta contra o preconceito
- dezembro 1, 2024
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Com tratamentos avançados e mais de 1 milhão de brasileiros vivendo com HIV, a data reforça a importância da prevenção e da empatia.
Desde 1988, o Dia Mundial da Aids é celebrado em 1º de dezembro como um marco para a conscientização, combate ao preconceito e solidariedade a milhões de pessoas vivendo com HIV/Aids. A data, instituída pela Organização Mundial da Saúde (OMS), surgiu em meio a uma crise global, quando o vírus devastava vidas e alimentava o estigma. Décadas depois, o cenário mudou, mas os desafios persistem.
O laço vermelho, um dos maiores símbolos dessa luta, nasceu em 1991, em Nova York, pelas mãos do Visual AIDS Artists Caucus, um grupo de artistas ativistas. Inspirado em fitas que simbolizavam outras causas, o laço vermelho representava paixão, sangue e amor, carregando uma mensagem de apoio e solidariedade em uma época de discriminação intensa.
O laço rapidamente ganhou o mundo. Durante a cerimônia do Oscar de 1992, atores como Jeremy Irons o usaram no palco, catapultando o símbolo à consciência global. Hoje, ele continua sendo um lembrete visual da luta pela vida e contra o preconceito.
Nos anos 1980 e 1990, o diagnóstico de HIV/Aids era temido. Personalidades como Freddie Mercury, Cazuza e Renato Russo sucumbiram à doença em uma época sem tratamentos eficazes. Atualmente, a terapia antirretroviral (TARV) transformou o cenário. Pessoas vivendo com HIV podem alcançar a indetectabilidade do vírus, impedindo a transmissão e vivendo com saúde plena.
No Brasil, mais de 1 milhão de pessoas vivem com HIV/Aids, segundo o Ministério da Saúde. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento gratuito, garantindo acesso aos medicamentos que mantêm a doença controlada.
Apesar dos avanços, o preconceito é um dos maiores obstáculos. Pessoas que vivem com HIV ainda enfrentam discriminação no trabalho, nos relacionamentos e até mesmo nos serviços de saúde. Isso dificulta o diagnóstico precoce e a adesão ao tratamento.
Além disso, o aumento de casos entre jovens de 20 a 29 anos alerta para a necessidade de reforçar a educação sexual. A ideia equivocada de que a Aids não é mais grave tem levado muitos a negligenciar práticas seguras, como o uso de preservativos.
De acordo com o Ministério da Saúde, em 2023, mais de 694 mil pessoas em tratamento pelo SUS tinham diagnóstico confirmado de HIV/Aids. Desde o início da epidemia no Brasil, em 1980, foram registrados mais de 1 milhão de casos, com cerca de 400 mil mortes associadas à doença. Apesar dos avanços no tratamento, em 2022, o país contabilizou cerca de 38 mil novos casos, demonstrando que os desafios de conscientização e prevenção ainda são significativos.
Globalmente, o cenário também preocupa: cerca de 39 milhões de pessoas vivem com HIV, segundo o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS). Em 2022, mais de 1,3 milhão de novas infecções foram registradas no mundo, enquanto cerca de 630 mil pessoas morreram de doenças relacionadas ao HIV/Aids.
Uma das maiores conquistas recentes é o avanço na terapia antirretroviral (TARV). Quando usada corretamente, a TARV pode reduzir a carga viral a níveis indetectáveis, o que significa que o vírus não é transmitido para outras pessoas. Essa estratégia, conhecida como “Indetectável = Intransmissível” (I=I), tem sido um divisor de águas no combate à epidemia.
Além disso, métodos preventivos como a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) e a Profilaxia Pós-Exposição (PEP) oferecem alternativas eficazes para prevenir infecções. No Brasil, ambos os métodos são oferecidos gratuitamente pelo SUS, mas a adesão ainda é limitada, em grande parte devido à falta de informação.
Embora os avanços científicos sejam inegáveis, o preconceito ainda é uma barreira significativa. Muitos portadores relatam discriminação em contextos profissionais e sociais, o que afeta sua saúde mental e adesão ao tratamento. Essa realidade também se reflete na ausência de debates mais amplos sobre sexualidade e saúde pública nas escolas e na mídia.
Outra questão controversa é o impacto da desinformação e de discursos negacionistas sobre a prevenção e o tratamento do HIV. Movimentos antivacina, por exemplo, têm ganhado força, trazendo à tona receios de que as conquistas no combate ao HIV possam ser prejudicadas por desconfianças injustificadas em relação à ciência.
O aumento de casos entre jovens, especialmente homens que fazem sexo com homens (HSH), levanta questionamentos sobre as estratégias atuais de prevenção. Dados apontam que cerca de 60% dos novos casos no Brasil estão concentrados nesse grupo, revelando a necessidade de campanhas mais inclusivas e focadas em populações específicas.
Por outro lado, o número de mulheres infectadas, muitas vezes por parceiros estáveis, também é preocupante. Isso evidencia a necessidade de maior acesso à testagem e ao diálogo sobre práticas seguras dentro de relacionamentos.
O Dia Mundial da Aids nos lembra que o combate ao HIV não depende apenas de avanços médicos. É preciso construir uma sociedade mais inclusiva, onde falar sobre prevenção, testagem e tratamento não seja tabu.
O laço vermelho, além de simbolizar solidariedade, também nos desafia a enfrentar os preconceitos que ainda alimentam a epidemia. Como sociedade, temos o dever de garantir que todas as pessoas tenham acesso a informações, apoio e cuidados necessários para viver com dignidade.
Essa luta, como o laço nos ensina, só pode ser vencida juntos.
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