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Dia Mundial do Meio Ambiente: Restauração da terra, desertificação e resiliência à seca

O Dia Mundial do Meio Ambiente é comemorado anualmente no dia 5 de junho. Foi criado pela Assembleia Geral das Nações Unidas na resolução (XXVII) de 15 de dezembro de 1972 com a qual foi aberta a Conferência de Estocolmo, na Suécia, cujo tema central foi o Ambiente Humano. O objetivo principal é chamar a atenção para os problemas ambientais e a importância da preservação dos recursos naturais. Antes disso, muitos consideravam esses recursos inesgotáveis. 

Desde sua primeira celebração em 1974, o Dia Mundial do Meio Ambiente abordou temas como “Apenas uma Terra”, “Dê uma chance à Terra”, “Biodiversidade” e, este ano, o tema é “Restauração da terra, desertificação e resiliência à seca” . 

E é claro, a restauração da terra, combate à desertificação e resiliência à seca são questões cruciais para a agricultura e o meio ambiente. 

Restauração da Terra

A restauração visa recuperar áreas degradadas, como solos esgotados e ecossistemas danificados. Cerca de 12 milhões de hectares de solos agrícolas são perdidos globalmente todos os anos devido à degradação do solo. Solos com teor de matéria orgânica inferior a 0,8% são improdutivos e frequentemente são abandonados. 

Práticas sustentáveis ajudam a restaurar a fertilidade do solo. Como os sistemas agroflorestais, que podem reduzir a erosão do solo em até 100 vezes em encostas íngremes. Isso aumenta a produtividade agrícola e protege contra erosão e perda de biodiversidade. Além da perda de biodiversidade, a erosão, provocada pelo manejo incorreto do solo, também representa perda de dinheiro! Só em 2010, foi responsável por uma perda de 23% na produtividade global e uma redução de 10% no Produto Interno Bruto (PIB) mundial anual. Isso destaca a importância crucial de preservar e recuperar solos degradados para garantir a segurança alimentar e o bem-estar econômico.

Desertificação

A desertificação é um processo que intensifica a aridez dos solos em áreas áridas, semiáridas e subúmidas. Quando um solo está árido, significa que ele não possui a quantidade adequada de água para sustentar o crescimento das plantas.  Essa degradação ocorre devido a intervenções humanas ou fatores naturais, como mudanças climáticas, tornando-as menos produtivas e afetando 3,2 bilhões de pessoas globalmente.

O desmatamento acelerado, queimadas e o uso intensivo e inadequado do solo são os principais fatores que intensificam a desertificação, resultando em considerável perda de biodiversidade .

A ocorrência da desertificação no Brasil concentra-se nas regiões Nordeste e Sul do país. Entende-se por desertificação o fenômeno de empobrecimento e diminuição da umidade em solos arenosos, localizados em regiões de clima subúmido, árido e semiárido. No Nordeste, cerca de 230 mil km² já estão desertificados, uma área superior à do estado do Ceará. Essas áreas encontram-se fortemente degradadas e inférteis, tornando o plantio impossível. Já na região Sul, onde ocorre em uma área de clima úmido, com precipitações anuais em torno de 1400 mm, o fenômeno é chamado de arenização. Solos extremamente arenosos, naturalmente pobres em nutrientes, foram intensivamente utilizados para agricultura, ampliando as áreas improdutivas. 

Ações como reflorestamento, manejo sustentável e conservação do solo combatem a desertificação .

Resiliência à Seca:

A seca tem impactos significativos na agricultura. Ela é caracterizada por longos períodos de ausência de chuva, o que pode reduzir a produtividade de culturas diversas. Sem água suficiente, a produção agrícola sofre, levando a perdas significativas ou totais nos cultivos. No Brasil, entre 2013 e 2022, secas e excesso de chuvas resultaram em perdas de R$ 287 bilhões na produção agropecuária. O rendimento das lavouras e a disponibilidade de água são diretamente afetados, impactando a produção de grãos e o rendimento médio das culturas.

Enquanto alertas de retorno das tempestades no Rio Grande do Sul indicam novas ameaças para cidades e a zona rural do estado, a maior parte do centro-norte brasileiro enfrenta uma estiagem e segue sem previsão de chuvas nos próximos dias, o que deve reduzir o potencial produtivo da principal safra de milho e feijão do país. Estados do Centro-Oeste, Sudeste e Paraná – área que responde por cerca de 90% da segunda safra de milho do Brasil – receberam apenas 4 milímetros de chuvas entre 20 de abril e 7 de maio, volume 87,9% abaixo da normalidade, segundo dados da EarthDaily Agro.

Práticas como irrigação eficiente, uso de culturas resistentes à seca e manejo adequado da água ajudam a enfrentar esses desafios. Investir em infraestrutura hídrica e sistemas de alerta precoce também é crucial.

Lembre-se de que a restauração da terra não apenas beneficia a agricultura, mas também contribui para a saúde do nosso planeta. Se o campo não roça, a cidade não almoça! 

Camila Porto

Camila Porto é engenheira agrônoma formada pela Universidade Federal de Viçosa. Atua na área rural desde 2014, diretamente com agricultores e em constante diálogo com instituições voltadas à pesquisa, assistência técnica e extensão rural como a Emater e Embrapa. Atualmente faz parte do grupo técnico agrícola da Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Nova Friburgo e desde 2021 produz e apresenta o programa Zoom Rural na TV ZOOM.

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