Entre a Sinceridade e a Ironia no Cinema
- setembro 26, 2024
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O Modernismo, o Pós-modernismo e o Metamodernismo. Cada um deles traz uma abordagem única para o cinema. Por Leo Arturius.
O Modernismo, o Pós-modernismo e o Metamodernismo. Cada um deles traz uma abordagem única para o cinema. Por Leo Arturius.
O cinema, desde sua invenção, evoluiu por diversos movimentos artísticos que refletiram o contexto cultural, social e político de cada época. Entre esses movimentos, três se destacam por moldar não apenas a forma como os filmes são feitos, mas também a maneira como pensamos sobre o papel da arte e da narrativa em nossas vidas: o Modernismo, o Pós-modernismo e o Metamodernismo. Cada um deles traz uma abordagem única para o cinema, influenciando diretores, estilos e, principalmente, as experiências emocionais e intelectuais que proporcionam ao espectador.
A coluna de hoje propõe uma exploração desses três movimentos, analisando suas características principais, exemplos de filmes e diretores representativos e como eles podem ser acessados no Brasil. Começaremos com o Modernismo, movimento que busca a inovação formal e a profundidade emocional, seguido pelo ceticismo e ironia do Pós-modernismo, e concluiremos com o emergente Metamodernismo, que tenta equilibrar as abordagens anteriores, criando novas formas de contar histórias. Ao final, também faremos uma reflexão sobre o futuro do cinema.
O Modernismo no cinema é um movimento artístico que, embora tenha ganhado destaque nas décadas de 1950 e 1960, alinha-se ao espírito modernista que permeava as artes desde o início do século XX. Inspirado por correntes filosóficas e culturais da época, o Modernismo no cinema procurava romper com as convenções narrativas e estéticas estabelecidas, buscando novas formas de expressão que refletissem a complexidade da realidade e da subjetividade humana. Cineastas modernistas frequentemente exploravam temas como a alienação, o inconsciente e a fragmentação da experiência, desafiando as expectativas do público e questionando as normas tradicionais de narrativa e estilo.
O Modernismo no cinema trouxe uma série de características inovadoras que romperam com a estrutura tradicional hollywoodiana, gerando uma linguagem mais complexa e exigente para o público. Uma dessas características é a fragmentação narrativa, que se afasta da linearidade clássica. Enquanto o cinema convencional seguia uma estrutura clara e cronológica, o cinema modernista frequentemente empregava narrativas não lineares e fragmentadas. Essa abordagem inclui saltos no tempo, mudanças bruscas de ponto de vista e lacunas narrativas que desafiam o espectador a construir o significado da trama por conta própria. Essa forma de contar histórias convida o público a ser mais ativo, a preencher os espaços deixados em aberto e a interpretar a narrativa de maneira mais pessoal.
Outro aspecto crucial do cinema modernista é o metacinema e a autorreflexão. Nesse contexto, os filmes modernistas frequentemente exploram o próprio processo de criação cinematográfica. Isso pode ocorrer através da chamada “quebra da quarta parede”, quando personagens ou eventos no filme fazem referência ao fato de estarem dentro de uma obra cinematográfica. Dessa maneira, o filme chama a atenção para a sua própria artificialidade, lembrando ao espectador que aquilo que ele vê não é a realidade, mas sim uma construção. Esse recurso aproxima o público do processo criativo e o faz refletir sobre o que significa fazer cinema e contar histórias através dessa linguagem.
Além disso, os personagens do cinema modernista se afastam das figuras heroicas e idealizadas do cinema clássico. Em vez disso, são figuras alienadas, introspectivas e cheias de contradições. Esses protagonistas, muitas vezes, não têm objetivos claros e estão profundamente imersos em dúvidas existenciais. Eles refletem uma visão mais complexa e ambígua da condição humana, contrastando com os personagens tradicionais, que geralmente têm suas ações e motivações bem delineadas. A alienação e a introspecção desses personagens espelham uma sociedade em transformação, marcada por incertezas e dilemas internos.
A experimentação formal é outro marco do cinema modernista. Diretores dessa corrente utilizavam técnicas de filmagem inovadoras, explorando a linguagem cinematográfica de formas nunca antes vistas. Elementos como a montagem descontínua, o uso da câmera na mão, ângulos de filmagem não convencionais e o uso simbólico das cores são recursos frequentemente utilizados. O som e a música também ganham novos contornos, sendo utilizados para criar atmosferas e transmitir sensações, mais do que simplesmente complementar a narrativa. Essas experimentações trouxeram um frescor estético ao cinema, quebrando padrões e convidando o espectador a uma nova experiência sensorial.
As temáticas existenciais permeiam as narrativas modernistas, abordando questões filosóficas profundas, como o sentido da vida, a identidade e a alienação. O cinema modernista se aprofunda em temas que questionam a existência humana e o absurdo da condição humana. A dúvida, o medo do desconhecido e a busca por significado em um mundo caótico são tópicos frequentemente explorados, dialogando diretamente com o estado emocional dos personagens e, por extensão, com o público.
Por fim, o cinema modernista mantém um diálogo estreito com outros movimentos artísticos, como as artes visuais e a literatura. Movimentos como o surrealismo, o expressionismo e o existencialismo, oriundos dessas áreas, influenciam profundamente os cineastas modernistas. Essas influências se manifestam tanto na estética visual dos filmes quanto na complexidade dos roteiros e das temáticas abordadas, criando uma obra cinematográfica que transcende o próprio meio e se insere em um contexto cultural mais amplo.
Assim, o cinema modernista representa uma ruptura com as convenções estabelecidas, propondo novas formas de contar histórias e abordar a experiência humana. Ele exige uma postura ativa do espectador, seja para decifrar a trama, seja para refletir sobre as questões existenciais levantadas pelos filmes. Ao mesmo tempo, é um cinema profundamente autorreflexivo, que convida o público a repensar o próprio ato de ver e entender filmes.
Fellini foi um dos mais influentes cineastas modernistas, conhecido por sua capacidade de misturar o realismo com o surrealismo, além de explorar profundamente a psique de seus personagens.
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=RmIC9pQ80Fk
Um dos principais nomes da Nouvelle Vague, Godard revolucionou o cinema com sua abordagem ousada e experimental.
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=IqnPIeLJEv0
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=y-zc8r3F_QY
Bergman é conhecido por seus filmes de profunda análise psicológica e existencial.
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=17-abDcJUlY
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=YEfJopPIbQg
Um dos maiores expoentes do Cinema Novo, Glauber Rocha trouxe para o cinema brasileiro uma abordagem fortemente modernista.
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=hkITr_eK9Vc
Embora Kurosawa tenha sido muitas vezes associado ao cinema clássico, filmes como “Rashomon” apresentam elementos modernistas.
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=Zqoyl2p8_lw
No contexto polonês e da Europa do Leste, cineastas como Wajda refletiram sobre a guerra e suas consequências em uma chave modernista.
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=764TDsM5sqU
Onde assistir no Brasil:
1. “8½” (1963), de Federico Fellini – Disponível Max (via HBO Max), ou para compra/aluguel no Apple TV e Amazon Video
2. “Acossado” (À bout de souffle, 1960), de Jean-Luc Godard – Pode ser assistido no MUBI.
3. “O Desprezo” (Le Mépris, 1963), de Jean-Luc Godard – Disponível em DVD.
4. “O Sétimo Selo” (1957), de Ingmar Bergman – Disponível em DVD.
5. “Persona” (1966), de Ingmar Bergman – Disponível em DVD.
6. “Terra em Transe” (1967), de Glauber Rocha – Disponível na Globoplay e na Reserva Imovision.
7. “Rashomon” (1950), de Akira Kurosawa – Disponível na Prime Video e no Belas Artes à la carte.
8. “Cinzas e Diamantes” (1958), de Andrzej Wajda – Disponível em DVD.
=> Essas opções de streaming podem variar, então vale a pena checar periodicamente caso algum título mude de plataforma.
O Modernismo no cinema se destaca pela ruptura com as convenções do cinema clássico, introduzindo fragmentação narrativa, metacinema, personagens introspectivos e alienados, além de uma forte experimentação formal. As obras modernistas questionam a própria linguagem cinematográfica e exploram temas existenciais
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O Pós-modernismo no cinema é um movimento estético e filosófico que emerge a partir do final dos anos 1970 e se estende até os dias atuais. Ele reage e, em certa medida, desconstrói as bases estabelecidas pelo Modernismo, tanto no cinema quanto nas artes em geral. Enquanto o Modernismo buscava inovar e encontrar um significado mais profundo na arte, o Pós-modernismo é muitas vezes caracterizado por uma atitude mais cínica, lúdica e de desconfiança em relação às grandes narrativas e às ideias de verdade e originalidade. Ele adota a fragmentação e a ambiguidade, mas com um tom menos sério e mais irônico.
Uma das principais características do cinema pós-modernista é a intertextualidade e o pastiche. Os filmes dessa corrente estão repletos de referências a outras obras de arte, filmes, literatura e à cultura popular em geral. Essas referências podem ser sutis ou explícitas, e muitas vezes não se limitam a uma simples citação, mas são combinações de diferentes gêneros, estilos e épocas. O pastiche — uma imitação ou paródia de estilos anteriores sem uma crítica direta — é comum nesse cinema, funcionando tanto como uma homenagem quanto como uma mistura caótica de elementos culturais. Isso cria uma sensação de pluralidade e multiplicidade, onde o público é constantemente desafiado a identificar e interpretar essas camadas de referências.
Outro elemento fundamental do cinema pós-moderno é o uso de ironia e ceticismo. Nesse estilo, há uma constante subversão das convenções tradicionais, seja nas narrativas ou na própria forma de fazer cinema. Filmes pós-modernos costumam brincar com as expectativas do público, criando um senso de incerteza e confusão intencional. A ironia é usada para questionar valores que antes eram tidos como universais, provocando o espectador a refletir sobre o que está sendo mostrado e o que é considerado “verdadeiro”. Esse ceticismo reflete o estado de espírito da sociedade do final do século XX, que, após eventos históricos como as guerras mundiais, o movimento pelos direitos civis e a Guerra Fria, tornou-se mais desconfiada de grandes promessas e certezas absolutas.
A quebra das fronteiras entre arte erudita e cultura popular é outra marca do pós-modernismo no cinema. Diferente do Modernismo, que frequentemente via uma distinção clara entre alta cultura e cultura de massa, o cinema pós-modernista mistura livremente elementos de ambas as esferas. Filmes desse período combinam referências à literatura clássica, à filosofia e às artes plásticas com elementos da cultura pop, como a música popular, os quadrinhos e o cinema de gênero. Não há um julgamento de superioridade entre esses elementos; ao contrário, há uma celebração da diversidade cultural e a ideia de que todos os tipos de expressão artística têm valor e significado.
O conceito de simulacro e hiper-realidade, trazido à discussão pelo filósofo Jean Baudrillard, também é central para o cinema pós-moderno. Baudrillard argumentava que, na sociedade contemporânea, as distinções entre o real e o artificial haviam se tornado tão confusas que as simulações — as cópias — haviam se tornado mais “reais” do que o próprio real. No cinema, isso se manifesta na forma como a realidade é representada e, muitas vezes, distorcida. Os filmes pós-modernos jogam com essa ideia, criando mundos que parecem reais, mas que, na verdade, são construções artificiais que desafiam a percepção do espectador sobre o que é verdade ou ficção.
Além disso, o cinema pós-modernista tem uma desconfiança em relação às metanarrativas, ou seja, as grandes histórias ou verdades universais que guiavam a visão de mundo no Modernismo. O conceito de progresso, as ideologias políticas e a fé religiosa eram pilares centrais nas narrativas modernistas. No entanto, o pós-modernismo rejeita a ideia de uma única verdade ou caminho universal. Em vez disso, prefere múltiplas narrativas, diferentes pontos de vista e uma visão fragmentada da realidade. Essa abordagem reflete um mundo cada vez mais plural e complexo, onde as certezas do passado já não encontram tanto espaço.
Outra característica marcante do cinema pós-modernista é a mistura de gêneros. Os filmes pós-modernos frequentemente desconstruem ou misturam os gêneros cinematográficos, criando uma experiência única e inesperada para o público. Um único filme pode combinar elementos de comédia, terror, ficção científica e romance, sem seguir as convenções de um gênero específico. Isso proporciona uma liberdade criativa maior para os cineastas e, ao mesmo tempo, desafia as expectativas do espectador, que nunca sabe exatamente o que esperar.
Esse período também coincidiu com o fim da Guerra Fria e a transição para um mundo globalizado, marcado por inovações tecnológicas, como o surgimento da internet e das mídias digitais. Esses avanços mudaram a maneira como o cinema era produzido e consumido. A crescente influência dos efeitos especiais e das novas tecnologias de filmagem e edição possibilitou que os diretores explorassem ainda mais as questões da realidade e da simulação, temas centrais no pensamento pós-moderno. Ao mesmo tempo, a globalização trouxe uma diversidade de vozes e culturas para o cinema, refletindo as novas complexidades e contradições do mundo contemporâneo.
Assim, o cinema pós-moderno não apenas reflete as mudanças culturais e sociais de sua época, mas também desafia o público a repensar suas noções de verdade, realidade e identidade. Através da mistura de gêneros, referências e ironia, ele oferece uma visão plural e muitas vezes cética do mundo, convidando o espectador a questionar tudo aquilo que antes era considerado certo ou definitivo.
Tarantino é amplamente considerado um dos principais cineastas pós-modernos. Seu estilo caracteriza-se pela intertextualidade, mistura de gêneros e uma abordagem irônica da violência e da cultura pop.
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=tGpTpVyI_OQ
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=7kSuas6mRpk
Lynch é conhecido por criar obras que borram as linhas entre a realidade e a fantasia, jogando com o conceito de hiper-realidade e misturando gêneros e estilos de maneira surrealista.
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=adCEuXANKbc
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=SwoL6vqSwGM
Von Trier, um dos criadores do movimento Dogma 95, que buscava um retorno à pureza cinematográfica, também incorpora muitos elementos pós-modernos, como a desconstrução dos gêneros e o ceticismo em relação às metanarrativas.
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=cM7FyvdkbZw
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=w28oYRC_BdY
Conhecidos por suas narrativas complexas e intertextualidade, os Wachowskis são frequentemente associados ao cinema pós-moderno, especialmente por seu uso de conceitos filosóficos e de simulação.
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=nUEQNVV3Gfs
Kar-wai é um cineasta pós-moderno que explora a fragmentação narrativa e o uso estilizado de tempo e espaço.
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=m8GuedsQnWQ
Gilliam é conhecido por seu trabalho visualmente exuberante e suas narrativas que exploram o absurdo e a hiper-realidade.
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=ZKPFC8DA9_8
Onde assistir no Brasil:
=> Essas opções de streaming podem variar, então vale a pena checar periodicamente caso algum título mude de plataforma.
O Pós-modernismo no cinema abraça a multiplicidade, a incerteza e a ambiguidade. Ele desconstrói e reconstrói estilos e gêneros, subverte convenções e desafia o espectador a questionar a realidade e a narrativa.
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O Metamodernismo no cinema é um conceito emergente que busca navegar entre as abordagens do Modernismo e Pós-modernismo. Surgindo nas últimas décadas, especialmente nos anos 2000 e 2010, o Metamodernismo propõe uma síntese e uma oscilação constante entre as certezas e o idealismo do Modernismo e o ceticismo e a ironia do Pós-modernismo. No cinema, isso se manifesta através de obras que conseguem misturar a seriedade e a complexidade emocional do Modernismo com o jogo intertextual e a autoironia do Pós-modernismo, sem ser cínico ou descomprometido.
Uma de suas características principais é a oscilação entre a ironia e a sinceridade. Enquanto o cinema pós-moderno tendia ao ceticismo e à ironia, frequentemente distanciando-se emocionalmente dos temas tratados, o Metamodernismo busca algo diferente. Ele não abandona completamente a ironia, mas tenta equilibrá-la com uma sinceridade renovada. Isso significa que o filme pode ser autoconsciente, crítico de seus próprios clichês e limitações, mas ainda assim permite que o espectador se envolva emocionalmente e encontre profundidade nas histórias contadas. Esse movimento busca retomar a importância da conexão emocional, sem cair no cinismo exagerado que marcou a era anterior.
Outra marca importante do Metamodernismo é a busca por sentido em meio à ambiguidade. Diferente do Pós-modernismo, que rejeitava as grandes narrativas e mantinha um ceticismo quanto à possibilidade de encontrar um significado verdadeiro ou universal, o Metamodernismo reconhece essa incerteza, mas não se acomoda nela. Ao contrário, ele busca um significado, mesmo que esse seja provisório ou pessoal. Há um desejo de encontrar autenticidade e propósito nas histórias, por mais que se reconheça que o mundo é ambíguo e as respostas não são definitivas. O cinema metamodernista, portanto, mescla esperança e desconfiança, criando um espaço em que a busca por sentido não é rejeitada, mas abordada com cautela e humildade.
O uso da nostalgia no cinema metamodernista também se diferencia do tratamento que o Pós-modernismo dava a essa sensação. Enquanto a nostalgia pós-moderna era frequentemente irônica ou cínica, revisitando o passado de maneira distanciada ou como uma crítica, o Metamodernismo adota uma postura diferente. Ele ainda revisita o passado, mas agora com um desejo genuíno de reconectar-se emocionalmente com esses elementos. A nostalgia não é apenas uma ferramenta para zombar do passado, mas uma forma de procurar algo emocionalmente significativo nele, mesmo que o filme esteja consciente de suas limitações. Essa abordagem cria uma relação mais positiva com o passado, buscando ressignificá-lo para o presente, ao invés de simplesmente criticá-lo.
Outro ponto importante é a emoção e profundidade no cinema metamodernista. Diferente da postura pós-moderna, que frequentemente utilizava a ironia para criar um distanciamento emocional, o Metamodernismo abraça as emoções, mesmo sabendo de suas contradições. Há um desejo de explorar questões emocionais profundas, como o amor, a solidão, o medo e a esperança, sem a necessidade de distanciamento. A ironia, nesse caso, não é usada para enfraquecer o impacto emocional, mas para enriquecer a maneira como essas emoções são vividas e sentidas pelo espectador. O cinema metamodernista não tem medo de ser vulnerável, permitindo que as emoções fluam com sinceridade, mesmo quando há uma autoconsciência crítica.
A mistura de alta e baixa cultura continua presente no Metamodernismo, como já era no Pós-modernismo, mas com uma diferença notável: no cinema metamodernista, essa mistura vem acompanhada de um interesse maior em criar uma conexão emocional verdadeira com o público. Elementos da cultura pop e da alta cultura se misturam, mas não de forma sarcástica ou cínica. Em vez disso, há uma tentativa de unir esses mundos de maneira autêntica, valorizando tanto o entretenimento quanto as discussões mais profundas e intelectuais. O Metamodernismo entende que essas duas esferas não precisam estar em conflito e que podem coexistir para oferecer uma experiência cinematográfica mais rica e completa.
Por fim, o Metamodernismo no cinema demonstra um renovado senso de responsabilidade artística. Filmes dessa corrente frequentemente abordam questões sociais, políticas e culturais de maneira mais séria e ativa. O cinema metamodernista reconhece o papel do cinema como uma ferramenta para propor discussões importantes, engajar o público em reflexões profundas e provocar uma resposta emocional e intelectual. No entanto, ele o faz sem a pretensão de oferecer respostas definitivas ou soluções claras. Há um reconhecimento das complexidades do mundo e uma aceitação de que o cinema pode levantar questões, provocar debates e sugerir reflexões, sem necessariamente trazer uma conclusão definitiva. Isso reflete uma postura mais humilde e aberta, em que o cinema se posiciona como um espaço de diálogo e transformação, sem deixar de lado a sua função de entretenimento.
O Metamodernismo, portanto, oferece uma nova maneira de fazer cinema, na qual a sinceridade e a ironia, a emoção e a crítica, a nostalgia e o futuro, coexistem em equilíbrio. É um movimento que procura reconectar o espectador com o mundo ao seu redor de maneira mais autêntica e emocional, sem deixar de reconhecer a complexidade e a incerteza que fazem parte da condição humana.
Wes Anderson é frequentemente apontado como um cineasta cujas obras exibem elementos de Metamodernismo. Seu estilo visual único, com simetria rigorosa, cores vibrantes e narrativa excêntrica, muitas vezes oscila entre a ironia e a sinceridade.
Trailer: https://youtu.be/sF7hAbQR7kk?si=pDfGGR1CV0nxk0D3
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=PeCHIK0dV9U
Spike Jonze também exemplifica o Metamodernismo em seu trabalho, misturando conceitos existenciais com uma sensibilidade emocional honesta.
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=TggD91pV6KE
Taika Waititi é conhecido por equilibrar ironia e sinceridade em suas obras, criando histórias que são tanto engraçadas quanto emocionalmente significativas.
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=zSVnhE3ux8E
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=e3X6SuwSY84
Greta Gerwig é uma cineasta cuja abordagem estilística mistura ironia e emoção sincera, especialmente ao lidar com temas como amadurecimento e identidade.
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=o3e_xuroFFk
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=NVIpIMqeJVM
Kaufman é conhecido por criar narrativas que se debruçam sobre a subjetividade, misturando realidade e ficção de maneira profundamente emocional e introspectiva.
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=M3kIRHgskMw
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=TLDLLzYecGw
No cinema de animação, Shinkai é um dos diretores que trazem elementos metamodernistas para o centro de suas narrativas.
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=soQXM3XVvIU
Onde assistir no Brasil:
Aqui estão as plataformas onde você pode assistir os filmes solicitados no Brasil:
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O Metamodernismo no cinema é uma resposta às limitações tanto do Modernismo quanto do Pós-modernismo, oscilando entre a esperança e o ceticismo, a ironia, a sinceridade e o niilismo. O Metamodernismo está enraizado no desejo de encontrar significado e conexão em um mundo fragmentado, utilizando uma mistura de estilos e gêneros para criar uma nova forma de cinema que ressoa profundamente com o público contemporâneo.
Os três movimentos que exploramos aqui representam diferentes maneiras de se relacionar com a arte e a narrativa cinematográfica. O Modernismo buscava inovação e profundidade emocional, enquanto o Pós-modernismo reagiu com ironia e ceticismo, desconfiando das grandes verdades e desconstruindo as convenções. O Metamodernismo, por sua vez, tenta encontrar um equilíbrio entre esses extremos, oscilando entre a ironia e a sinceridade, o ceticismo e a esperança, refletindo um desejo por reconexão emocional em um mundo fragmentado.
Com o avanço das novas tecnologias e a crescente influência das plataformas de streaming, o cinema continua a evoluir. No futuro, podemos esperar que o cinema híbrido — que mistura elementos das três correntes — continue a se desenvolver. Obras que transitam entre gêneros e abordagens, buscando tanto a profundidade emocional quanto a crítica irônica, devem crescer em relevância. Além disso, o advento de tecnologias como a realidade aumentada e virtual também pode abrir novas possibilidades de experiências cinematográficas imersivas e interativas, oferecendo ao público novas formas de se envolver com a narrativa.
O cinema metamodernista, em especial, parece estar bem posicionado para moldar as histórias que veremos nas próximas décadas, à medida que os cineastas continuam a explorar a dualidade entre ironia e sinceridade, tecnologia e humanidade, levando o público a novas jornadas emocionais.
Graduado em Pedagogia e Cinema pela PUC-Rio, Leo Arturius assumiu a cadeira de direção em sete filmes, como produtor foram oito e outros sete como continuísta. Desde 2016 oferece cursos de roteiro e documentário na cidade de Nova Friburgo e, em 2017, obtive seu ápice profissional ao ter um filme selecionado no Festival de Cannes. A carreira teve uma guinada em 2019, começou a fazer exposição de fotografia sobre a cidade de Nova Friburgo. Friburguenses e cariocas já tiveram a oportunidade de entrar em contato com seu olhar de estrangeiro sobre a cidade serrana. Em 2023 assumiu a cadeira de professor no Colégio Nossa Senhora das Dores e Senai Nova Friburgo, no ano vigente retorna a atuação regular em produções e direção cinematográficas e ao cargo de produtor de conteúdo na TV Zoom.
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