Inatividade do Poder Público e Implicações Legais
A repetição desses acidentes levanta questões importantes sobre a responsabilidade do poder público em garantir a segurança da população. Em casos como o da passarela da Vila Amélia, a omissão do governo local pode acarretar implicações legais significativas. No Brasil, o artigo 37 da Constituição Federal impõe ao Estado o dever de prestar serviços adequados à população, incluindo a conservação de espaços públicos. Quando o poder público falha nesse dever, ele pode ser responsabilizado por danos causados a terceiros, incluindo acidentes como os que têm ocorrido na Vila Amélia.
De acordo com o Código Civil brasileiro, o Estado pode ser obrigado a indenizar vítimas de acidentes provocados pela falta de manutenção de áreas públicas. Essa responsabilidade é objetiva, o que significa que não é necessário provar que o governo agiu de forma negligente; basta demonstrar que o acidente ocorreu em decorrência de uma falha na prestação do serviço público, o que, neste caso, seria a falta de reparo da passarela.
Além disso, o Estatuto da Cidade (Lei Federal n.º 10.257/2001) determina que o município deve zelar pela manutenção adequada de sua infraestrutura urbana. A permanência de uma passarela em péssimo estado de conservação por anos, com sucessivos acidentes registrados, pode ser considerada uma violação grave desse dever. O município, ao ser notificado dos riscos e ao não agir, estaria descumprindo seus deveres e expondo-se a processos judiciais movidos pelas vítimas ou seus familiares.
O Histórico de Inércia
Este problema na Vila Amélia não surgiu recentemente. Os moradores da localidade têm reclamado das condições da passarela há anos, mas até agora, o poder público não ofereceu uma solução definitiva. Desde fevereiro de 2024, após o acidente da mulher que caiu por entre as tábuas da passarela, foi prometida uma obra de revitalização na região. A área chegou a ser isolada, e um projeto de reforma teria sido elaborado e encaminhado à Secretaria Municipal de Obras. Entretanto, não há previsão para o início das obras.
Em abril de 2024, o então secretário da Casa Civil, Professor Pierre, chegou a visitar a região e anunciou que o projeto de revitalização da passarela estava em fase final de elaboração. No entanto, mesmo com o município tratando o problema como prioridade, passados mais de cinco meses, não houve progresso visível.
A falta de ação alimenta um sentimento de abandono entre os moradores, que agora convivem com o medo constante de novos acidentes. A passarela é uma via importante para os habitantes da Vila Amélia, sendo um ponto de passagem cotidiano, o que torna a sua precariedade um problema de mobilidade urbana e segurança pública.