O Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, celebrado em 21 de janeiro, nos convida a refletir sobre a discriminação que ainda persiste no Brasil.
O estado do Rio de Janeiro, segundo dados históricos da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), figura entre os locais com maior incidência de casos, principalmente contra religiões de matriz africana, como o Candomblé e a Umbanda.
Em Nova Friburgo, o número de casos registrados parece discreto: apenas uma ocorrência em 2024, conforme a 151ª Delegacia de Polícia. Contudo, essa estatística contrasta fortemente com regiões da Baixada Litorânea, como Niterói e São Gonçalo, que contabilizam 15 e 20 casos, respectivamente, no mesmo período.
A baixa notificação em cidades menores pode ser um reflexo do medo das vítimas em denunciar, somado à desconfiança no sistema de justiça.
Religiões de matriz africana são frequentemente alvos de intolerância devido ao racismo estrutural profundamente enraizado na história brasileira.
Durante o período colonial, práticas religiosas africanas foram sistematicamente demonizadas, e essa herança cultural de discriminação foi reforçada ao longo dos séculos.
Muitos templos religiosos, conhecidos como terreiros, ainda enfrentam invasões, destruição de imagens sagradas e ameaças.
Embora iniciativas como a Decradi representem avanços, especialistas alertam que ações punitivas não são suficientes.
“O combate à intolerância religiosa passa também pela educação e pelo reconhecimento histórico da importância dessas religiões na formação cultural brasileira”, afirma a antropóloga Luciana Santos.
Além de políticas públicas, como a criação de delegacias especializadas, organizações não governamentais e movimentos sociais promovem o diálogo inter-religioso e atividades culturais.