Dia Nacional da Intolerância Religiosa: doutrinas de matriz africana seguem como principais alvos
- janeiro 21, 2025
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Data é marcada por aumento de denúncias no Brasil; Veja os dados em Nova Friburgo
O Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, celebrado em 21 de janeiro, nos convida a refletir sobre a discriminação que ainda persiste no Brasil.
O estado do Rio de Janeiro, segundo dados históricos da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), figura entre os locais com maior incidência de casos, principalmente contra religiões de matriz africana, como o Candomblé e a Umbanda.
Em Nova Friburgo, o número de casos registrados parece discreto: apenas uma ocorrência em 2024, conforme a 151ª Delegacia de Polícia. Contudo, essa estatística contrasta fortemente com regiões da Baixada Litorânea, como Niterói e São Gonçalo, que contabilizam 15 e 20 casos, respectivamente, no mesmo período.
A baixa notificação em cidades menores pode ser um reflexo do medo das vítimas em denunciar, somado à desconfiança no sistema de justiça.
Religiões de matriz africana são frequentemente alvos de intolerância devido ao racismo estrutural profundamente enraizado na história brasileira.
Durante o período colonial, práticas religiosas africanas foram sistematicamente demonizadas, e essa herança cultural de discriminação foi reforçada ao longo dos séculos.
Muitos templos religiosos, conhecidos como terreiros, ainda enfrentam invasões, destruição de imagens sagradas e ameaças.
Embora iniciativas como a Decradi representem avanços, especialistas alertam que ações punitivas não são suficientes.
“O combate à intolerância religiosa passa também pela educação e pelo reconhecimento histórico da importância dessas religiões na formação cultural brasileira”, afirma a antropóloga Luciana Santos.
Além de políticas públicas, como a criação de delegacias especializadas, organizações não governamentais e movimentos sociais promovem o diálogo inter-religioso e atividades culturais.
Aumento das Denúncias de Intolerância Religiosa
De acordo com dados da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, as denúncias de intolerância religiosa em páginas da internet triplicaram no Brasil, passando de 1,4 mil registros em 2017 para 4,2 mil em 2022.
Disparidades Regionais no Rio de Janeiro
No estado do Rio de Janeiro, observa-se uma variação significativa no número de casos registrados entre diferentes municípios.
Enquanto Nova Friburgo registrou apenas um caso de intolerância religiosa em 2024, conforme dados da 151ª Delegacia de Polícia, municípios da Baixada Litorânea, como Niterói e São Gonçalo, apresentaram números significativamente maiores, com 15 e 20 casos respectivamente.
Essa discrepância pode ser atribuída a fatores como subnotificação, diferenças populacionais e variações na conscientização e disposição para denunciar.
Raízes Históricas da Intolerância
A intolerância contra religiões de matriz africana está profundamente enraizada no racismo estrutural presente na sociedade brasileira. Durante o período colonial, práticas religiosas africanas foram demonizadas pelos colonizadores europeus e posteriormente pelas instituições religiosas dominantes. Essa estigmatização histórica perpetuou-se ao longo dos séculos, resultando em preconceitos que ainda hoje afetam essas comunidades.
Iniciativas de Combate e Desafios Persistentes
O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) tem promovido políticas públicas para enfrentar a intolerância religiosa, incluindo a criação de uma coordenação-geral específica sobre o tema. Além disso, foram lançadas cartilhas digitais e cursos para gestores estaduais e municipais, visando fomentar discussões sobre o papel no combate à intolerância religiosa e ao racismo religioso.
No entanto, os desafios persistem. O aumento das denúncias pode refletir tanto um crescimento real dos casos quanto uma maior conscientização e disposição das vítimas em denunciar. Independentemente disso, é evidente a necessidade de ações contínuas e efetivas para combater a intolerância religiosa.
A redação de jornalismo da TV Zoom, em Nova Friburgo, é dedicada à produção de notícias locais com ética e agilidade, cobrindo temas variados e utilizando mídias digitais para rápida disseminação de informações.