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A Diferença Entre Alertar e Alarmar

  • abril 7, 2025
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Em 2011, Friburgo enfrentou uma das maiores tragédias climáticas do país, deixando cicatrizes profundas. Neste Dia do Jornalista, a Zoom destaca a diferença entre alertar e alarmar

A Diferença Entre Alertar e Alarmar

A Diferença Entre Alertar e Alarmar

Em 2011, Nova Friburgo chorou. A cidade inteira se curvou diante de uma tragédia climática sem precedentes. Chuvas torrenciais ceifaram centenas de vidas, apagaram famílias inteiras e deixaram um rastro de dor que o tempo não conseguiu levar. Em meio ao caos, uma equipe permaneceu firme: a Zoom. Durante mais de 16 horas seguidas, a transmissão ao vivo deu voz ao desespero, visibilidade aos desaparecidos, esperança aos que ainda buscavam notícias. Luciana Ferraz e Anne Lise, sem sensacionalismo, incansáveis, leram listas de mortos com as vozes embargadas, enquanto as imagens de resgate se transformavam em memória coletiva de um povo ferido.

 

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Essa cicatriz, ainda aberta no coração da cidade, explica o medo que retorna a cada trovoada. Não se trata de histeria: é memória viva. Cada morador carrega dentro de si a lembrança do que o céu pode trazer de devastador. Porém, justamente por isso, é necessário separar dois verbos que, embora pareçam irmãos, tomam caminhos muito diferentes: alertar e alarmar.

Alertar é o dever da imprensa responsável. É transformar os dados em linguagem acessível, é interpretar os boletins técnicos da Defesa Civil, é ouvir os meteorologistas e dar contexto. É, sobretudo, respeitar a inteligência e a sensibilidade da população. A informação clara empodera. Ela permite que as pessoas se organizem, cuidem dos seus, protejam os mais vulneráveis. Quando bem-feita, a informação salva vidas.

Alarmar, por outro lado, é sedutor. Em um mundo movido por cliques, onde o medo gera engajamento e o sensacionalismo rende curtidas, o jornalismo se vê diante de uma encruzilhada ética. Alarmar distorce, amplifica, dramatiza. Usa superlativos com irresponsabilidade e transforma alertas preventivos em manchetes apocalípticas. O resultado? Um fenômeno conhecido na psicologia como dessensibilização progressiva: a população, bombardeada por avisos exagerados, passa a ignorá-los. Quando o perigo se materializa de fato, a resposta social já não tem força. O alarme, tão gasto, soa como mais um ruído.

 

Estudos do Instituto Reuters de Jornalismo e da American Psychological Association mostram que o consumo contínuo de notícias alarmistas gera ansiedade, sensação de impotência e negação coletiva. O “tudo é exagero” se instala, e a confiança na imprensa se esvai. Em tempos de crise climática, em que tragédias como a de 2011 podem se repetir com frequência assustadora, esse colapso na credibilidade custa caro.

Por isso, neste Dia do Jornalista, é necessário levantar a cabeça, olhar para a própria consciência profissional e reafirmar o papel essencial do jornalismo. Não somos profetas do fim. Somos ponte entre o dado bruto e o entendimento público. Somos bússola em tempos nublados. Quando a sociedade se perde entre fake news, especulações e manipulações, é o jornalismo de verdade que ancora a verdade no presente.

A Zoom, desde sua fundação, escolheu esse caminho. O da apuração rigorosa, da escuta atenta, da responsabilidade com a palavra. Sabemos o peso que uma manchete carrega. Sabemos o poder que um “URGENTE” exerce sobre o coração de quem viveu a dor na pele. E por isso, preferimos alertar. Preferimos informar com precisão do que incendiar com adjetivos.

Neste editorial, não celebramos apenas nossos colegas de redação. Celebramos todos aqueles que, dentro de uma democracia, defendem a verdade como valor inegociável. Jornalistas que viram vitrines em meio às pedradas da opinião pública polarizada. Que enfrentam desconfianças, ataques, e ainda assim seguem. Gente que escuta os dois lados, mesmo quando um só lado grita. Gente que escreve, edita, revisa e publica com a alma exposta.

Ser jornalista é uma escolha. Uma escolha corajosa. Em tempos em que a mentira se disfarça de meme e a manipulação viraliza em segundos, a ética jornalística se torna ainda mais revolucionária.

Que este dia sirva como homenagem e, também, como compromisso. Que Nova Friburgo nunca mais precise viver o que viveu em 2011 — mas que, se um dia precisar, possa contar novamente com uma imprensa que alerta, sem alarmar. Uma imprensa que informa, sem explorar. Uma imprensa que honra o seu papel de guardiã da consciência coletiva.

Feliz Dia do Jornalista. Com respeito, admiração e esperança.

TV Zoom

 

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