21°C
Nova Friburgo, RJ
BAIXE NOSSO APP
Cinema Pensante Colunas DESTAQUE

A experiência da Sala de Cinema ainda importa?

  • abril 17, 2025
  • 0

Com novos desafios, salas de cinema seguem relevantes para cultura e público.

A experiência da Sala de Cinema ainda importa?

Entrar em uma sala de cinema, sentir a luz se apagar e então se deixar envolver pela imensidão da tela sempre foi uma experiência única. Afinal, esse ritual transforma o ato de assistir a um filme em algo maior do que apenas entretenimento: torna-se, também, um evento social e cultural. No entanto, essa vivência tem passado por mudanças drásticas ao longo das últimas décadas.

Antigamente, a única maneira de assistir a um filme era comparecer a uma sala de exibição, onde o ato de se sentar diante de uma tela gigante, cercado por outras pessoas, tornava-se sobretudo um evento social, um momento compartilhado. Porém, com o passar do tempo, a janela de exibição exclusiva dos cinemas foi sendo reduzida.

Da exclusividade à rapidez no lançamento

Em 1995, por exemplo, Toy Story demorou 11 meses para ser lançado em VHS após sua estreia nos cinemas. Por outro lado, já em 2019, Toy Story 4 chegou ao formato digital em apenas três meses. Dessa forma, esse encurtamento da janela cinematográfica foi resultado de disputas entre estúdios e redes de cinema, que buscam manter o público nas salas enquanto enfrentam a concorrência crescente do home video, da TV a cabo e, mais recentemente, do streaming.

Além disso, essa disputa se intensificou com o avanço das novas formas de distribuição e atingiu um ponto decisivo durante a pandemia de Covid-19, que acelerou mudanças já em curso. Com as salas de cinema fechadas, os estúdios passaram, então, a experimentar lançamentos simultâneos no streaming e nas poucas salas ainda abertas. Nesse sentido, o caso de Trolls: World Tour, em 2020, é emblemático: lançado diretamente para aluguel digital, faturou mais em três semanas do que seu antecessor arrecadou em toda a exibição nos cinemas.

Janela de exibição entre a sala de cinema e mídia física.

Janela de exibição entre a sala de cinema e mídia física.

Esse experimento deu aos estúdios maior poder sobre a distribuição dos filmes, forçando os cinemas a se adaptarem. Em 2021, acordos reduziram a janela exclusiva nos cinemas para 45 dias. A Universal conseguiu um modelo mais agressivo: estreias digitais após 17 dias para produções menores.

Ainda assim, mesmo com a evolução das plataformas, a experiência cinematográfica permanece relevante. O sucesso de filmes como Avatar: O Caminho da Água, que arrecadou mais de US$ 2,3 bilhões globalmente, demonstra que as salas de cinema continuam essenciais para a indústria.

Grandes lançamentos seguem atraindo multidões, reforçando a importância da imersão cinematográfica coletiva. Oppenheimer e Barbie, que juntos arrecadaram mais de US$ 2 bilhões em 2023, provaram que o cinema ainda mobiliza plateias no mundo todo. Da mesma forma, Top Gun: Maverick, com mais de US$ 1,4 bilhão arrecadado, demonstrou que a nostalgia e a experiência da tela grande continuam cativando espectadores. Já Ainda Estou Aqui, com uma proposta intimista, surpreendeu ao conquistar público fiel, mostrando espaço para diferentes narrativas no cinema contemporâneo.

Além das bilheterias impressionantes, há um fator intangível que mantém o cinema vivo: a experiência coletiva. Ir ao cinema não é apenas assistir a um filme, mas sentir junto. A imersão proporcionada pela sala escura, tela gigante e som envolvente fortalece o impacto emocional das narrativas.

Acima de tudo, o cinema é um espaço social onde emoções são amplificadas coletivamente. O riso se espalha com mais facilidade, a tensão se multiplica, e o silêncio após um final impactante revela a força da experiência compartilhada. Assistir a um filme no cinema confere a ele um status especial, transformando-o em evento cultural único e marcante.

 
 
 
Publicidade
Cinejoia em Copacabana - RJ.
Cinejoia em Copacabana - RJ.

Impacto cultural e econômico das salas de cinema

Além disso, as salas de cinema também desempenham um papel econômico e cultural essencial. Afinal, cidades que possuem cinemas ativos tendem a ter um circuito cultural mais vibrante, movimentando, assim, restaurantes, livrarias e outros espaços de lazer ao redor.

No Brasil, por exemplo, a quantidade de salas de cinema reflete essa dinâmica. Em 2019, antes da pandemia, o país contava com 3.478 salas. Já em 2025, esse número chegou a 3.509, um recorde que indica a recuperação do setor. No entanto, o público ainda não voltou ao patamar pré-pandemia.

Ainda assim, mesmo com essa recuperação, os hábitos do público mudaram, e a retomada completa do cinema ainda enfrenta desafios. Em 2024, por exemplo, 125,2 milhões de pessoas foram ao cinema no Brasil, representando um aumento de 9,6% em relação a 2023, mas ainda distante dos 172,5 milhões de ingressos vendidos em 2019. Esses números mostram que, apesar da resiliência do setor, o comportamento do espectador mudou e, portanto, o cinema precisa continuar se reinventando para atrair novos públicos.

A infância como pilar da sustentabilidade

De fato, levar crianças ao cinema é uma das formas mais eficazes de garantir a sobrevivência desse hábito cultural. Em 2023, por exemplo, animações infantis representaram cerca de 30% do total de bilheteria global, demonstrando assim a importância desse público para o setor.

Nesse sentido, destaca-se o sucesso de filmes como Super Mario Bros. O Filme, que arrecadou mais de US$ 1,3 bilhão, e Ne Zha 2, que se tornou um fenômeno na China, ultrapassando a marca de US$ 2 bilhões na bilheteria global. Aliás, foi a primeira animação e também o primeiro filme produzido fora de Hollywood a alcançar esse feito.

Esses dados demonstram, portanto, que levar crianças ao cinema não é apenas uma experiência enriquecedora, mas também um pilar essencial para a sustentabilidade da indústria. Além do impacto na indústria, a ida ao cinema durante a infância possui ainda efeitos duradouros na formação cultural e emocional das crianças.

Afinal, o impacto de uma sessão cinematográfica na infância vai além do entretenimento. Por exemplo, assistir a um filme na tela grande amplia o imaginário, desenvolve o senso crítico e fortalece a empatia ao permitir que a criança se conecte com histórias e personagens de diferentes universos.

Além disso, a sala de cinema também ensina valores importantes, como respeitar o espaço coletivo, aprender a esperar e se envolver em uma experiência sem distrações, algo cada vez mais raro em um mundo dominado por telas individuais e estímulos constantes.

Por fim, embora os modelos de distribuição de filmes estejam em transformação, a sala de cinema permanece um espaço único de encontro, cultura e troca de experiências. Nesse sentido, estudos sobre comportamento coletivo indicam que assistir a filmes em grupo amplifica as emoções e fortalece a conexão social entre os espectadores.

Publicidade

Um espaço de convivência e memória afetiva

De fato, a experiência cinematográfica ativa áreas do cérebro relacionadas à empatia e à memória emocional, tornando assim as histórias mais marcantes e significativas. Esse impacto psicológico reforça, portanto, o papel essencial do cinema não apenas como entretenimento, mas sobretudo como uma vivência que une as pessoas em torno de narrativas compartilhadas.

Nesse sentido, o futuro das salas de cinema depende tanto da inovação da indústria quanto do público que ainda valoriza essa experiência. Ainda que a forma como assistimos a filmes possa continuar mudando, o impacto coletivo e emocional de uma sessão cinematográfica nunca será substituído.

Enquanto houver histórias para contar e pessoas dispostas a vivê-las juntas, certamente o cinema seguirá como um pilar cultural essencial, capaz de emocionar, inspirar e conectar gerações.

Mais importante do que a forma como assistimos a um filme é, sem dúvida, o impacto emocional e social que essa experiência gera. Assim, as salas de cinema continuarão a ser um elemento essencial na vida cultural das cidades e na memória afetiva de cada espectador.

Além disso, é interessante destacar que, além de seu impacto em Hollywood, a VistaVision também teve influência no cinema japonês, especialmente em animações. Por exemplo, produções como Lupin III: O Mistério de Mamo utilizaram esse formato para capturar imagens com maior definição e estabilidade, garantindo, dessa forma, uma qualidade visual superior. Essa adoção em produções animadas demonstra, então, a versatilidade do formato, que se manteve relevante mesmo fora das grandes produções ocidentais.

Saiba mais sobre o assunto no vídeo:

Publicidade

Você também pode gostar:

Adicione o texto do seu título aqui

Compartilhe:
kimryadm.ru
kortkeros.ru