Homens evitam falar de emoções e números revelam consequências
setembro 17, 2025
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Silêncio cultural faz homens evitarem apoio psicológico. Estigma e preconceito ampliam riscos de suicídio, dependência química e transtornos mentais.
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O silêncio em torno das emoções ainda marca a realidade masculina. Enquanto mulheres buscam mais apoio psicológico, os homens seguem socializados para reprimir sentimentos, associando terapia à fraqueza. Essa cultura resulta em dados alarmantes: segundo o Ministério da Saúde, o suicídio é quase quatro vezes mais frequente entre homens, sobretudo entre 15 e 29 anos. Além da resistência em procurar ajuda, muitos recorrem a álcool e drogas como válvulas de escape, agravando sintomas de ansiedade e depressão. Especialistas defendem que a mudança começa na educação emocional desde a infância, incentivando meninos a falar sobre sentimentos sem medo. Acolhimento no dia a dia e espaços de diálogo também são essenciais. No Setembro Amarelo, o desafio é romper preconceitos e mostrar que pedir ajuda é um ato de coragem.
Na mesa de bar, no estádio ou em casa, os homens costumam falar de futebol, trabalho, finanças ou política. Quase nunca de sentimentos. Diferentemente das mulheres, inseguranças e fragilidades seguem sendo tratadas como tabu. Esse silêncio cultural afeta diretamente a saúde mental masculina e pode resultar em dependência química, alcoolismo e transtornos psiquiátricos.
Impacto cultural e social
Segundo o professor Leonardo Leite, da Estácio, essa resistência tem raízes sociais. “As mulheres procuram mais ajuda, mas não significa que os homens não sofram. Eles apenas são socializados para reprimir sentimentos”, explica.
O estigma de que buscar terapia é sinal de fraqueza ainda afasta muitos homens do cuidado psicológico. Como resultado, o sofrimento se prolonga e os riscos aumentam.
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Números alarmantes
De acordo com o Ministério da Saúde, o suicídio é quase quatro vezes mais frequente entre homens: 9,9 mortes por 100 mil habitantes, contra 2,6 entre as mulheres. A faixa mais afetada vai dos 15 aos 29 anos, período de maior vulnerabilidade emocional.
Além disso, o abuso de álcool e drogas é usado como válvula de escape, mas intensifica sintomas de ansiedade e depressão. Outro agravante é o uso de métodos mais letais, como enforcamento ou armas de fogo, o que eleva as mortes consumadas.
Consequências do silêncio
A resistência em procurar apoio gera prejuízos na vida pessoal e profissional. Sintomas como insônia, irritabilidade e isolamento são ignorados até que o sofrimento comprometa relações familiares, desempenho no trabalho e qualidade de vida. Quando a ajuda chega, o tratamento é mais longo e difícil.
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Caminhos de mudança
Apesar do cenário preocupante, especialistas defendem que é possível mudar. Para Leonardo Leite, a aposta está na educação emocional desde cedo. “Precisamos ensinar meninos que falar sobre sentimentos é legítimo. Pedir ajuda é coragem, não fraqueza”, afirma.
Ele reforça ainda a importância do acolhimento no dia a dia: ouvir sem julgamentos, apoiar e criar espaços de diálogo. Pequenos gestos podem salvar vidas.
💛 Setembro Amarelo e os desafios masculinos
A campanha Setembro Amarelo, voltada à prevenção do suicídio, encontra no público masculino um desafio central: romper barreiras culturais e redefinir masculinidade. Mais do que ampliar atendimentos, a mudança passa por criar espaços seguros para que homens compartilhem suas dores sem medo de ridicularização.
O desafio é grande, mas urgente: afinal, o silêncio pode custar vidas.