A Importância da Mídia Física para Preservação do Cinema
- abril 3, 2025
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Como a mídia física assegura a história do cinema.
Na era do streaming, a efemeridade do cinema se tornou um problema para cinéfilos e pesquisadores. Catálogos digitais mudam constantemente, deixando clássicos e obras independentes reféns de contratos de licenciamento. Para evitar que a história do cinema se perca, a mídia física — DVDs, Blu-rays e discos 4K Ultra HD — surge como a melhor alternativa.
Sou cineasta, com mais de 20 filmes na carreira, e desde adolescente coleciono DVDs. Mesmo com as dificuldades para encontrar esses filmes em lojas atualmente, estou sempre de olho nos sebos e na internet em busca de novas aquisições. Minha coleção já chegou a 1.500 filmes e continua crescendo. Ter mídia física em casa me faz bem, pois, além do prazer de colecionar, esses filmes são minha fonte de inspiração. A cada novo trabalho, recorro à minha coleção: basta colocar um disco no aparelho e assistir.
Diferente dos serviços de streaming, que podem remover títulos sem aviso prévio, a mídia física garante acesso contínuo a filmes essenciais. Criar uma coleção de discos significa investir na preservação da sétima arte, permitindo que novas gerações conheçam obras que definiram o cinema.
Além disso, para quem vive em cidades sem salas de exibição ou festivais, a mídia física se torna uma ferramenta crucial. Enquanto o streaming prioriza lançamentos e conteúdos populares, o mercado de DVDs e Blu-rays resgata clássicos e filmes raros, evitando que essas produções sejam esquecidas.
Versátil Home Vídeo: Preservando o Cinema no Brasil
No Brasil, a Versátil Home Vídeo se destaca como uma das principais distribuidoras de filmes em mídia física. Fundada em 1999, a empresa especializou-se no lançamento de filmes clássicos e cult, atendendo a colecionadores e cinéfilos exigentes. Seu catálogo inclui títulos raros e muitas vezes ausentes das plataformas de streaming, tornando-se uma referência para quem busca conteúdos diferenciados.
Além da alta qualidade das edições, a Versátil oferece materiais extras, como documentários, comentários de diretores e entrevistas exclusivas, enriquecendo a experiência do espectador. Em 2009, a empresa celebrou seus dez anos lançando no Brasil seu primeiro Blu-ray: Cinema Paradiso.
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Cavideo: Resistência Cultural no Rio de Janeiro
Outro exemplo de resistência no cinema é a Cavideo, locadora carioca criada por Cavi Borges. Mesmo com a ascensão do streaming, a Cavideo sobreviveu por anos na Cobal do Humaitá. Em 2020, ganhou um novo espaço cultural nas Casas Casadas, em Laranjeiras.
Com um acervo de mais de 20 mil DVDs, a locadora oferece clássicos do cinema brasileiro e internacional, além de documentários e curtas-metragens raros. Os filmes podem ser alugados gratuitamente por dois dias. O novo espaço também abriga uma videoteca e um cineclube, promovendo palestras, exposições e lançamentos de livros, reforçando a cultura cinematográfica carioca.
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Criterion Collection: Um Arquivo Essencial
No cenário global, a Criterion Collection lidera o mercado de mídia física. Fundada em 1984 nos Estados Unidos, a empresa construiu um catálogo com mais de mil títulos, restaurando e preservando filmes icônicos. Além da qualidade de imagem e som, suas edições incluem documentários, entrevistas e análises detalhadas, proporcionando uma imersão profunda no cinema.
Embora atue predominantemente no mercado norte-americano, a Criterion Collection influencia colecionadores e pesquisadores em todo o mundo. Seu programa no YouTube, Closet Picks, convida cineastas a explorar seu vasto acervo e compartilhar suas escolhas pessoais. Entre os participantes, Walter Salles, Kleber Mendonça Filho, Francis Ford Coppola, Isabelle Huppert e Lee Daniels destacam a importância da mídia física.
O Olhar dos Cineastas
Walter Salles
Walter Salles destacou a importância de Andrei Rublev, de Tarkovski, um filme que ele revisita anualmente. Para ele, a mídia física preserva a experiência cinematográfica, garantindo que clássicos como Stranger Than Paradise (Jim Jarmusch) e Memórias do Subdesenvolvimento (Tomás Gutiérrez Alea) continuem acessíveis. Ele também ressaltou o impacto da obra de Antonioni, afirmando que La Notte foi um dos filmes que o levaram a se tornar cineasta.
Kleber Mendonça Filho
Kleber Mendonça Filho falou sobre o impacto de After Hours (Martin Scorsese) e Brighter Summer Days (Edward Yang) em sua formação. Ele destacou a importância de colecionar filmes em mídia física, já que muitas obras desaparecem dos serviços de streaming. O cineasta também mencionou Barry Lyndon, de Kubrick, como um filme que ele queria mostrar aos filhos, reforçando como a mídia física perpetua o conhecimento cinematográfico entre gerações.
Francis Ford Coppola
Francis Ford Coppola expressou seu amor por PlayTime (Jacques Tati), lembrando como a dedicação do cineasta francês ressoava em sua própria trajetória. Ele também falou sobre Rumble Fish, um de seus filmes mais pessoais, e como a mídia física preserva obras que, inicialmente incompreendidas, acabam sendo redescobertas com o tempo.
Isabelle Huppert
Isabelle Huppert destacou Stromboli (Roberto Rossellini) e 2 ou 3 Coisas que Eu Sei Dela (Jean-Luc Godard) como filmes essenciais. Ela também mencionou La Cérémonie, filme em que atuou e que considera uma obra-prima do cinema político e social.
Lee Daniels
Lee Daniels citou 8½ (Federico Fellini) e Do the Right Thing (Spike Lee) como obras que moldaram sua identidade como cineasta. Ele comentou sobre The Piano, de Jane Campion, e como esse filme o ensinou a usar o silêncio como ferramenta narrativa.
O cinema é um patrimônio cultural que precisa ser preservado. O streaming oferece praticidade, mas sua natureza efêmera coloca em risco a disponibilidade de grandes obras. A mídia física, por outro lado, funciona como um arquivo duradouro, garantindo que clássicos e filmes contemporâneos permaneçam acessíveis.
Para aqueles que valorizam a história do cinema e querem ter controle sobre o que assistem, colecionar DVDs, Blu-rays e discos 4K não é apenas um hobby, mas um ato de resistência contra o esquecimento.
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Graduado em Pedagogia e Cinema pela PUC-Rio, Leo Arturius assumiu a cadeira de direção em nove filmes, como produtor foram oito e outros sete como continuísta. Desde 2016 oferece cursos de roteiro e documentário na cidade de Nova Friburgo e, em 2017, obtive seu ápice profissional ao ter um filme selecionado no Festival de Cannes. A carreira teve uma guinada em 2019, começou a fazer exposição de fotografia sobre a cidade de Nova Friburgo. Friburguenses e cariocas já tiveram a oportunidade de entrar em contato com seu olhar de estrangeiro sobre a cidade serrana. Em 2023 assumiu a cadeira de professor de documentário no Colégio Nossa Senhora das Dores e de marketing digital no Senai Nova Friburgo. Em 2024 retorna a atuação regular em produções com sua direção cinematográfica e assumiu o cargo de produtor de conteúdo na TV Zoom.
