Camiseta com frase ‘Não se contamine!’ provoca repúdio e denúncias de racismo em Petrópolis
- dezembro 4, 2024
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Estampa de marca cristã é denunciada ao MPRJ e gera comoção entre entidades de igualdade racial e sociedade civil.
Uma camiseta lançada pela marca cristã Criações Gênesis, de Petrópolis, Região Serrana do Rio de Janeiro, gerou forte repúdio e acusações de racismo devido à estampa que traz a frase “Não se contamine!” acompanhada de uma ilustração de duas mãos se tocando – uma de cor clara e outra de cor escura. Entidades que lutam pela igualdade racial interpretaram a mensagem como ofensiva, associando a cor de pele negra a algo negativo e perpetuando preconceitos.
O caso rapidamente repercutiu nas redes sociais e mobilizou diversos grupos em defesa da igualdade racial. Entre as entidades que se manifestaram estão o Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (Compir), a Comissão de Igualdade Racial da OAB Petrópolis, e a organização Movimento Negro Unificado, que emitiram notas de repúdio contra a marca e a peça publicitária.
A denúncia foi formalizada ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) pela vereadora eleita Lívia Miranda (PCdoB) e pelo coordenador de Igualdade Racial de Petrópolis, Filipe Graciano, que apontaram a estampa como uma violação dos princípios constitucionais da dignidade humana e da igualdade racial. Segundo Graciano, a peça reforça o racismo estrutural ainda presente na sociedade.
Em sua defesa, a proprietária da marca, Brenda Sá, declarou que a intenção da camiseta era abordar um contexto espiritual, simbolizando a “contaminação espiritual” por meio da imagem de uma mão necrosada, e não fazer alusão a qualquer grupo étnico. Após a repercussão negativa, a Criações Gênesis anunciou a suspensão imediata da comercialização da peça, além de divulgar um pedido público de desculpas nas redes sociais.
“Pedimos desculpas àqueles que se sentiram ofendidos pela interpretação equivocada da mensagem”, afirmou a empresa em comunicado. Contudo, o gesto não foi suficiente para conter as críticas e o clamor por responsabilização.
A estampa ganhou destaque na mídia nacional e gerou amplo debate sobre a responsabilidade social de marcas e empreendedores ao abordar questões sensíveis em produtos ou campanhas publicitárias. Em nota, o MPRJ informou que já está analisando o caso e pode tomar medidas legais, incluindo a abertura de um inquérito para investigar se houve crime de racismo ou outra infração legal.
Nas redes sociais, a controvérsia se intensificou, dividindo opiniões. Enquanto muitos condenaram veementemente a mensagem como preconceituosa, outros defenderam a marca, alegando que se tratava de um mal-entendido.
A coordenadora do Movimento Negro Unificado na região, Maria José Santana, reforçou que casos como esse demonstram a urgência de mais iniciativas de conscientização sobre o racismo estrutural.
“Ainda é preciso educar e debater muito para superar preconceitos enraizados na sociedade. A mensagem transmitida nessa estampa é um exemplo de como a falta de sensibilidade pode reforçar estereótipos e ferir toda uma população.”
A análise do Ministério Público deve determinar se há elementos para configurar crime ou infração às normas de igualdade racial. Enquanto isso, o caso já serviu como um alerta para o setor empresarial, destacando a importância de avaliar cuidadosamente as mensagens transmitidas em produtos e campanhas.
O episódio também acendeu o debate sobre como as marcas devem tratar questões culturais e sociais em suas estratégias, reafirmando a necessidade de sensibilidade e responsabilidade na comunicação visual.
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