Maus-tratos: MPF cobra Ibama por situação no CETAS-RJ
abril 29, 2025
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Inspeção no CETAS de Seropédica revela abandono e cobra ações imediatas do Ibama e parceiros
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Maus-tratos a animais no CETAS de Seropédica (RJ) levaram o Ministério Público Federal (MPF) a recomendar a suspensão imediata do recebimento de novos animais na unidade, mantida pelo Ibama. Durante uma inspeção, o MPF identificou superlotação, falta de medicamentos, estrutura precária e condições inadequadas de cuidado com diversas espécies, como macacos-prego, jabutis, serpentes, aves e onças. A situação revela riscos graves à saúde e ao bem-estar da fauna silvestre.
O MPF também cobrou ações urgentes do Inea, ICMBio e do próprio Ibama, incluindo a conclusão de licitação para contratação de pessoal, fornecimento de insumos e melhorias estruturais. Esta é a segunda vez em quatro anos que o órgão emite uma recomendação ao CETAS, que já foi palco da morte de mais de 700 animais em 2021. O procurador Sergio Gardenghi Suiama reforçou a necessidade de garantir que o centro atue com dignidade, evitando a repetição de tragédias causadas pela negligência.
Situação crítica no centro de triagem em Seropédica
Em primeiro lugar, o Ministério Público Federal (MPF) denunciou maus-tratos a animais no Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS), em Seropédica, RJ. Durante uma inspeção recente, os fiscais constataram superlotação, escassez de medicamentos e condições insalubres para os animais silvestres. Por isso, o MPF recomendou a suspensão temporária do recebimento de novos animais na unidade.
Além disso, o MPF enviou a recomendação ao Ibama, ao Inea e ao ICMBio. Esses órgãos devem agir com urgência para restaurar as condições básicas de operação do CETAS. O objetivo é garantir o bem-estar da fauna e o cumprimento da função institucional do centro.
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Superlotação e abandono colocam vidas em risco
Durante a visita, os procuradores encontraram cerca de 60 macacos-prego. Alguns, inclusive, aguardam soltura há mais de quatro anos. Embora saudáveis, permanecem presos em quarentena por mais de quatro semanas, o que contradiz a função do setor.
Como resultado da superpopulação, os recintos não passam por higienização adequada. Além disso, o espaço fica inviável para rodízio dos animais, o que agrava ainda mais o cenário de estresse.
Ademais, a equipe identificou aproximadamente 270 jabutis em espaços insuficientes. Da mesma forma, dezenas de araras dividem áreas apertadas e sem ventilação adequada. Ainda mais alarmante foi a descoberta de duas onças sem data definida para reintrodução.
Enquanto isso, saguis vivem em viveiros improvisados e sem estrutura. Também foram encontrados 34 cascavéis, 15 cornsnakes, uma jararaca e uma jiboia arco-íris em caixas plásticas, sem alimentação. Esses animais enfrentam um estado crítico de sofrimento por inanição.
Portanto, o MPF cobrou que o Inea conclua rapidamente o processo de licitação para contratar funcionários e fornecer medicamentos, alimentos e uma nova viatura. Além disso, o MPF solicitou ao Ibama apoio direto na destinação dos animais a áreas de soltura. Da mesma forma, o ICMBio deve melhorar a estrada de acesso ao CETAS e reforçar a prevenção de incêndios.
Ainda mais urgente é o controle da invasão de gado na Floresta Nacional Mário Xavier, onde o CETAS está instalado. Enquanto isso, o MPF recomendou que o centro suspenda a entrada de novos primatas e serpentes. Assim, o foco poderá permanecer no cuidado dos animais que já se encontram na unidade.
Histórico de negligência se repete
Desde então, o CETAS de Seropédica acumula denúncias e falhas estruturais. A título de exemplo, em 2021, o MPF entrou com ação civil pública para impedir o fechamento do centro. Na ocasião, a falta de tratadores causou a morte de mais de 700 animais.
Apesar disso, os problemas persistem e se agravaram em 2024. Por fim, o procurador Sergio Gardenghi Suiama afirmou que o centro precisa operar com dignidade e responsabilidade. Segundo ele, os maus-tratos a animais ferem o propósito do CETAS e exigem respostas rápidas e efetivas.