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Não só alimentar o mundo mas também fazê-lo girar!

A agricultura existe há mais de 12 mil anos e foi um dos fatores decisivos para a constituição das primeiras civilizações humanas, que deixaram de ser nômades e extrativistas/coletores para cultivarem o alimento que consumiam. Ao longo da história, a agricultura foi a atividade principal de milhares de pessoas, era destinada ao consumo próprio das famílias dos agricultores e lentamente foi se introduzindo os processos de trocas de produtos cultivados na terra, até chegar ao ponto em que a agricultura foi entendida como um modelo de negócio.

Atualmente, a agricultura tem um papel fundamental nos processos de desenvolvimento econômico e social no mundo, tornando-se um setor altamente competitivo e exigindo dos agricultores, a busca constante por tecnologias e procedimentos que possam garantir a sua maximização produtiva, aliado à proteção ambiental, visto que solo e água, por exemplo são seus principais insumos.

A relevância da agricultura no mundo é indiscutível, pois, é a partir dela que se produzem os alimentos e os produtos primários utilizados pelas indústrias, pelo comércio e pelo setor de serviços, tornando-se a base para a manutenção da economia mundial e o Brasil também possui sua relevância, já lidera a exportação global de pelo menos 7 alimentos. Quando colocamos em números, com apenas 8% do território nacional, o Brasil é responsável por cerca de 20% da produção mundial de alimentos. No ano passado o Brasil se tornou o maior exportador mundial de soja (56%), milho (31%), café (27%), açúcar (44%), suco de laranja (76%), carne bovina (24%) e carne de frango (33%). Além disso, é vice-líder nas vendas de outras duas commodities: etanol e algodão. Tornando-se referência tanto na produção de grãos, carnes, fibras e biocombustíveis, como também no que se refere à inovação na agricultura. E a inovação está diretamente relacionada ao papel fundamental na proteção do meio ambiente.

 

A produtividade agrícola aumentou 58% desde o ano 2000, enquanto que no mesmo período apenas 18,2% de vegetação natural foi convertida em área agrícola. Ou seja, produziu-se mais alimento em menor área. Isso só é possível com a utilização racional dos recursos naturais, fertilizantes, uso de variedades que melhor convertem os recursos em produção, adoção de práticas que não degradem o solo e é claro, muito suor dos agricultores. Tudo isso é tecnologia! 

Além de alimentar o mundo e desempenhar um papel fundamental na proteção do meio ambiente, os agricultores também têm fortíssima influência na promoção da saúde pública. Vivemos, atualmente, uma pandemia de obesidade que dialoga com outras pandemias coexistentes: mudanças climáticas e desnutrição. Na projeção para os próximos 12 anos, Brasil terá 41% de sua população adulta com obesidade, 400 milhões de crianças conviverão com obesidade segundo a nova edição do Atlas Mundial da Obesidade 2023. O Atlas ainda rankeia os países de acordo com o seu preparo para combater a obesidade, que está diretamente relacionado ao acesso à alimentos naturais em detrimento dos ultraprocessados. Enquanto que hoje temos quase 1 bilhão de famintos no planeta, com a previsão de uma população mundial de 10 bilhões até 2050, precisamos desde já transformar este desafio de alimentar a todos, em oportunidade de produzir ainda mais alimentos saudáveis, de forma sustentável. 

No Dia Mundial da Agricultura, nosso reconhecimento ao Agricultor, que possui uma capacidade empreendedora espetacular, que desenvolve uma atividade com muitos riscos (que a cada dia se tornam maiores), e é responsável por mover o motor da economia mundial e atender às nossas necessidades diárias. Se você me lê no seu smarthphone, sentado no seu sofá feito de algodão e madeira ou se está à caminho do trabalho com seu carro abastecido à etanol ou gasolina (que possui 27% de  etanol anidro), agradeça à um agricultor. E é claro, se o campo não roça, ceis não almoça!  

Camila Porto

Camila Porto é engenheira agrônoma formada pela Universidade Federal de Viçosa. Atua na área rural desde 2014, diretamente com agricultores e em constante diálogo com instituições voltadas à pesquisa, assistência técnica e extensão rural como a Emater e Embrapa. Atualmente faz parte do grupo técnico agrícola da Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Nova Friburgo e desde 2021 produz e apresenta o programa Zoom Rural na TV ZOOM.

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