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Fipronil e as Abelhas: nessa guerra quem perde somos eu e você!

  • janeiro 24, 2024
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No dia 29 de Dezembro o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) publicou uma medida cautelar no Diário Oficial da União que suspende

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Fipronil e as Abelhas: nessa guerra quem perde somos eu e você!

No dia 29 de Dezembro o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) publicou uma medida cautelar no Diário Oficial da União que suspende a aplicação de defensivos agrícolas à base de FIPRONIL por pulverização foliar em área total. 

Em setembro de 2022 a instituição deu início ao processo de de reavaliação ambiental dos produtos agrotóxicos contendo este ingrediente ativo, em razão dos indícios de efeitos adversos graves às abelhas associados ao uso de agrotóxicos contendo o referido agente químico, observados em estudos científicos e relatados em diversas partes do mundo. 

As avaliações indicavam risco ambiental inaceitável às abelhas, decorrente da deriva da pulverização, para todos os produtos à base de FIPRONIL com indicação de uso via aplicação foliar. 

MAS AFINAL “QUIDIABO” É ISSO?

O Fipronil é um  inseticida, formicida e cupinicida em comercialização desde 1994 amplamente utilizado agindo nas células nervosas dos insetos, que morrem de hiperexcitação. Na agricultura é utilizado para o controle de pragas comuns como a larva-alfinete no milho e a lagarta-elasmo na soja. Mas ele também está dentro de nossas casas, presente em vários produtos antiparasitários usados em animais domésticos, como em coleiras antipulgas

Desde 2004 o seu uso foi proibido na França e em vários países europeus, só sendo aplicados para proteção das sementes. O uso do fipronil foi proibido em criadouros de animais destinados ao consumo humano após um escândalo alimentício que aconteceu na Holanda, mas que hoje atinge oito países, que receberam milhões de ovos contaminados pelo inseticida.

“AS ABEIA”

O fipronil age no sistema nervoso das abelhas alterando os padrões de comportamento cognitivo. Segundo o professor aposentado da USP, Dr. Lionel Segui Gonçalves, que é conhecido mundialmente como especialista em abelhas, ele prejudica a navegação das mesmas, impedindo que elas retornem a suas colmeias, causando uma diminuição na atividade de forrageamento ou coleta de alimento, fenômeno conhecido como CCD (Colony Collapse Disorde) ou Síndrome do Desaparecimento. 

Ele criou a campanha Bee or not to be (Sem Abelhas, Sem Alimento), que divulga a importância das abelhas para a sobrevivência da agricultura e da alimentação em todo o mundo. 

Na última década, apicultores de Estados Unidos, Canadá, Uruguai, França, Rússia, Austrália, entre outros, denunciaram a morte de abelhas por agrotóxicos. Em 2020, os apicultores registraram denúncias junto ao Instituto de Agricultura da Colômbia (ICA)  referente à 256 intoxicações em colmeias somente em Quindío. Aqui no Brasil, apenas em 2023 houve a morte em massa de pelo menos 180 milhões de abelhas. 

A morte em massa das abelhas pode trazer graves consequências para a humanidade já que, de acordo com a Food and Agriculture Organization (FAO), órgão das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, as abelhas são um elemento imprescindível para a segurança alimentar.

A FAO estima que 85% das plantas com flores dependem dos polinizadores. Ainda de acordo com dados da instituição, mais de 75% de todas as plantações de alimentos do mundo dependem da polinização natural, além de 35% da terra agricultável do planeta.

Em 2018, o professor aposentado da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), Aroni Sattle começou a avaliar a mortalidade em massa das abelhas e em 60% a 70% teve a presença de fipronil como principal agrotóxico preponderante. Só em Mato Grosso do Sul 2017 para 2021, a presença do fipronil cresceu de 30% para 66%, nas amostras avaliadas. Em 2022, este número chegou a quase 86%.

E AGORA JOSÉ?

Os titulares de registro de produtos que contenham FIPRONIL como ingrediente ativo têm prazo de 90 dias, contados a partir da publicação do comunicado, para publicar folheto complementar, etiqueta ou outro meio eficaz, com a frase de advertência:

“Este produto é tóxico às abelhas. A aplicação aérea não é permitida. A pulverização foliar não dirigida ao solo ou às plantas, ou seja, aplicações em área total, não é permitida. Não aplique este produto em época de floração, nem imediatamente antes do florescimento ou quando for observada visitação de abelhas na cultura. O descumprimento dessas determinações constitui crime ambiental, sujeito a penalidades cabíveis e sem prejuízo de outras responsabilidades.”

Importante destacar que essa suspensão NÃO É DEFINITIVA, e vale até que o Ibama conclua a reavaliação ambiental do FIPRONIL.

Vamos agora aguardar as cenas dos próximos capítulos! 

Sem a roça “ceis” não almoça! (E sem as abelhas também não!) 

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