As cores no cinema
- abril 4, 2024
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As cores no cinema transcende a mera estética visual.
As cores no cinema transcende a mera estética visual.
O uso das cores no cinema transcende a mera estética visual, adentrando as profundezas da experiência humana e da percepção da realidade. Ao empregar uma paleta cromática cuidadosamente selecionada, os cineastas não apenas adornam a tela com tons vibrantes ou sombrios, mas também exploram os recônditos da psique humana, manipulando as emoções, os pensamentos e as sensações dos espectadores.
De uma perspectiva filosófica, as cores no cinema são mais do que simples pigmentos; são veículos de significado, portadores de simbolismo e mensageiras de verdades ocultas. Elas ecoam as profundezas do inconsciente coletivo, ressoando com arquétipos ancestrais e mitos primordiais. Assim, cada tonalidade, matiz e sombra torna-se um símbolo, carregando consigo camadas de significado que transcendem o mundano e o banal.
A paleta cromática de um filme pode ser interpretada como uma linguagem simbólica, com cada cor contando uma história própria. O uso das cores desempenha um papel fundamental na narrativa visual, na expressão emocional e na criação de atmosfera. Desde os primeiros filmes em preto e branco até as produções coloridas mais recentes, as escolhas cromáticas têm sido guiadas por princípios filosóficos e psicológicos que refletem as visões estéticas, culturais e emocionais dos cineastas.
O Cair das Folhas de Alice Guy-Blaché. EUA – 1912
O Martírio de Joana D’Arc de Carl Theodor Dreyer. FRANÇA – 1928.
As cores são utilizadas de diversas maneiras para transmitir significados e emoções. Por exemplo, o contraste entre cores quentes, como vermelho e laranja, e cores frias, como azul e verde, pode evocar diferentes sensações no espectador. O vermelho muitas vezes é associado à paixão, ao perigo ou à raiva, enquanto o azul pode sugerir calma, tranquilidade ou melancolia.
Mais detalhadamente o uso dessas cores e seu contraste no cinema:
Exemplo de uso da cor QUENTE e FRIA para especificar o momento dos personagens na história. Feito na América de Doug Liman, 2017 – EUA.
O contraste entre cores quentes e frias no cinema é muitas vezes utilizado para criar uma sensação de equilíbrio visual e emocional. Por exemplo, um filme pode utilizar cores quentes para transmitir emoções intensas, como paixão ou raiva, e cores frias para transmitir emoções mais tranquilas, como calma ou melancolia. Além disso, o contraste entre cores quentes e frias pode ser utilizado para destacar elementos importantes na cena, criar profundidade visual e guiar o olhar do espectador.
Cidade de Deus de Fernando Meirelles e Kátia Lund, BRASIL – 2002
Coringa de Todd Phillips, EUA – 2019.
O Fabuloso Destino de Amélie Poulain de Jean-Pierre Jeunet, FRANÇA – 2001.
Outro princípio filosófico relacionado ao uso das cores no cinema é a estética, que busca compreender a beleza e a harmonia visual. Os cineastas muitas vezes utilizam paletas de cores cuidadosamente selecionadas para criar composições visuais que são esteticamente agradáveis e impactantes.
A estética no cinema vai além das cores, vou explicar um pouco sobre os diversos elementos que compõem este vasto conceito nos filmes.
Exibição de Limite, de Mário Peixoto. BRASIL – 1931
Em resumo, a estética no cinema é uma combinação complexa de elementos visuais, auditivos, narrativos e emocionais que contribuem para a experiência artística e sensorial do espectador. É a expressão criativa da visão do cineasta e uma parte essencial da linguagem cinematográfica, que busca transmitir significado, emoção e beleza por meio da tela grande.
Além disso, o contexto cultural e histórico de um filme também influencia as escolhas cromáticas. Por exemplo, filmes ambientados em diferentes épocas ou culturas podem empregar paletas de cores específicas que refletem os estilos e as tendências daquele período ou lugar.
O uso das cores no cinema é uma prática complexa que envolve uma série de princípios filosóficos, estéticos e culturais. Desde os primórdios da sétima arte até os dias de hoje, as cores têm sido uma ferramenta poderosa para os cineastas expressarem suas visões artísticas, emocionais e narrativas, contribuindo para a riqueza e a diversidade do cinema ao longo da história.
Saiba mais sobre as cores no cinema neste vídeo do canal In Depth Cine. Ative a legenda em portguês para assistir.
O livro ”Cores & filmes: Um estudo da cor no cinema” de Maria Helena Braga e Vaz da Costa amplia o estudo das cores no cinema.
Graduado em Pedagogia e Cinema pela PUC-Rio, Leo Arturius assumiu a cadeira de direção em nove filmes, como produtor foram oito e outros sete como continuísta. Desde 2016 oferece cursos de roteiro e documentário na cidade de Nova Friburgo e, em 2017, obtive seu ápice profissional ao ter um filme selecionado no Festival de Cannes. A carreira teve uma guinada em 2019, começou a fazer exposição de fotografia sobre a cidade de Nova Friburgo. Friburguenses e cariocas já tiveram a oportunidade de entrar em contato com seu olhar de estrangeiro sobre a cidade serrana. Em 2023 assumiu a cadeira de professor de documentário no Colégio Nossa Senhora das Dores e de marketing digital no Senai Nova Friburgo. Em 2024 retorna a atuação regular em produções com sua direção cinematográfica e assumiu o cargo de produtor de conteúdo na TV Zoom.