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Quarta-feira de cinzas, fenômenos astronômicos e a fotossensibilidade das culturas agrícolas 

  • fevereiro 14, 2024
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Tradicionalmente, a quarta-feira de cinzas é a data que marca o fim da folia e o início de um tempo de recolhimento, uma fronteira entre a festa da

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Quarta-feira de cinzas, fenômenos astronômicos e a fotossensibilidade das culturas agrícolas 

Tradicionalmente, a quarta-feira de cinzas é a data que marca o fim da folia e o início de um tempo de recolhimento, uma fronteira entre a festa da carne, o Carnaval e o período de penitência chamado de quaresma. Para católicos praticantes, é uma celebração rica em significado e necessária para a preparação rumo à Páscoa, 40 dias mais tarde. 

Mas como sabemos que dia cai o Carnaval? Simples! O carnaval é 40 dias antes do Domingo de Ramos. E que dia cai o Domingo de Ramos? Simples! Uma semana antes da Páscoa. E que dia cai a páscoa? Aí não é tão simples. A páscoa acontece num domingo, que vem depois da primeira lua cheia depois do Equinócio de Outono. 

E o que é um Equinócio? 

O equinócio é um fenômeno astronômico que indica o início da primavera e do outono, acontece quando os raios solares incidem perpendicularmente sobre a Linha do Equador (paralelo de 0º), o que faz com que os hemisférios Norte e Sul recebam a mesma quantidade de iluminação solar. A palavra equinócio é derivada do latim equinox, e significa “noites iguais”. 

Os equinócios são causados pela inclinação do eixo da Terra e pelo movimento de translação, a volta que nosso planeta dá em torno do sol. Eles acontecem duas vezes ao ano, nos meses de março e setembro, e demarcam o início astronômico de duas estações do ano: a primavera e o outono. O equinócio de março marca o início astronômico da primavera no Hemisfério Norte e do outono no Hemisfério Sul. 

Durante os equinócios, os dias e as noites têm a mesma duração em ambos os hemisférios, dias e noites com a duração de 12h. 

A partir do Equinócio de Outono, os dias (duração do período luminoso do dia) vão diminuindo e as noites se tornando maiores, até o Solstício de Inverno, o menor dia do ano, menor quantidade de luz. Mas isso aqui é uma coluna rural, oras! 

E o que isso tem a ver com o agro? 

As plantas não têm calendário, isso é óbvio. Mas elas “percebem” a passagem do tempo, com uma a variedade de respostas fisiológicas e cumprem com seus “compromissos” (se desenvolvem, vegetam ou iniciam sua fase reprodutiva) a partir da “leitura” do fotoperiodismo e algumas vezes em resposta a certos comprimentos de onda da luz. 

Já sabemos que as plantas fazem fotossíntese e essa é a chave para sua sobrevivência, isto permite que elas produzam moléculas de açúcar que servem como combustível. Mas existem também respostas não relacionadas à fotossíntese que permitem que as plantas se ajustem ao seu ambiente e otimizem seu crescimento. Como por exemplo, alguns tipos de sementes germinarão somente quando elas receberem uma quantidade suficiente de luz, outras apenas quando estiverem em completo escuro. Outras plantas têm maneiras de detectar se elas estão na sombra de plantas vizinhas com base na qualidade da luz que recebem. Assim elas aumentam seu crescimento ascendente para superar suas vizinhas e obter uma parcela maior de luz solar.

Alguns tipos de plantas exigem determinadas durações do dia ou da noite para florescer, ou seja, para fazer a transição para a fase reprodutiva do seu ciclo de vida. Algumas vezes essa fase reprodutiva é desejada (como no caso de frutíferas e algumas crucíferas que produzimos na região, ex.: café, couve-flor, brócolis, etc.). Em outras, o que o produtor deseja é evitar o florescimento. Por exemplo o alface (que fica leitoso e amarga), a cenoura que cria um talo duro (excesso de lignina) em seu centro. Através do melhoramento genético foi possível selecionar plantas que floresçam (ou não floresçam) naquela determinada estação, ou plantas que são insensíveis ao fotoperíodo e por isso, para termos a produção ao longo do ano o produtor deve se atentar à especificação das cultivares, para serem produzidas no Verão e no Inverno. 

Pendoamento de Alface
     Pendoamento do Alface       
     Flor de Cenoura

Plantas de Dia Longo, Dia Curto e Dia Neutro 

Plantas que florescem somente quando a duração do dia cai abaixo de um determinado patamar (fotoperíodo crítico) são chamadas de Plantas de Dia Curto. O arroz, milho e a soja são exemplos de plantas de dia curto.

Plantas que florescem apenas quando a duração do dia ultrapassa um determinado patamar são chamadas de Plantas De Dia Longo. O trigo, o espinafre e a beterraba são plantas de dia longo.

Ao florescer somente quanto o dia ou a noite alcançam determinada duração, estas plantas estão aptas a coordenar sua época de floração de acordo com as mudanças de estação.

Mas nem todas as plantas são de dia curto ou dia longo. Algumas plantas são de dia neutro, o que significa que a floração independe da duração do dia. Além disso, a floração não é a única característica que pode ser regulada pelo fotoperíodo (duração do dia). A formação de tubérculos em batatas, por exemplo, também está sob o controle fotoperiódico, assim como a dormência da gema em preparação para o inverno nas árvores crescendo em áreas frias e o fotoperiodismo se une à quantidade de graus-dias para determinar/estimular respostas fisiológicas nas plantas. Mas esse assunto fica para um outro dia! 

“No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás.” (Gêneses 3:19)

Se o campo não roça, ceis não almoça (E se o produtor não se atentar à fotossensibilidade da cultura, provavelmente ele não colhe!)

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