Justiça do Rio aceitou um pedido da defesa que alegou necessidade de tratamento para uma cirurgia feita na coluna
Após ser acusado de importunação sexual e estupro de vulnerável, o Padre Alexandre Paciolli Moreira de Oliveira conseguiu ir para prisão domiciliar integral. A Justiça aceitou um pedido da defesa do padre, alegando que o religioso precisa de fisioterapia, além de repouso e cuidados de higiene devido a uma cirurgia na coluna realizada no dia 20 de março. Diante da gravidade do procedimento médico realizado no réu, a prisão foi convertida em domiciliar, em conformidade com o princípio humanitário constitucional.
O padre, alvo de denúncia pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), foi detido na última quarta-feira, 3, em Fortaleza, no Ceará, pelos crimes de importunação sexual e estupro de vulnerável, cometidos contra uma mesma mulher, em agosto de 2022 e janeiro de 2023, respectivamente, em Nova Friburgo.
A juíza Simone Dalila Nacif Lopes, da 1ª Vara Criminal da Comarca de Nova Friburgo, em sua decisão, ressaltou que, embora o réu esteja enfrentando acusações graves, cometidas mediante abuso da fé alheia, tal circunstância não justifica automaticamente sua prisão preventiva, segundo o jornal O Globo.
A magistrada estabeleceu uma série de medidas cautelares a serem seguidas pelo padre: comparecimento mensal ao juízo em sua residência para apresentar justificativas e comprovar seu endereço; proibição de deixar a comarca de sua residência sem autorização judicial; participação em todos os procedimentos judiciais portando cópia da decisão que concedeu a prisão domiciliar; entrega mensal de um relatório médico detalhado e atualizado, através de seus advogados, atestando seu estado de saúde; e proibição de contato com a vítima e testemunhas por qualquer meio de comunicação. O não cumprimento de qualquer uma dessas medidas cautelares pode resultar na prisão preventiva do Padre Paciolli.
A defesa do padre, ao ser contatada, declarou que “em vista da situação atual do processo e de sua complexidade, manifestaremos nossa posição no momento oportuno”.
A ONG Me Too Brasil, que denunciou o caso ao Ministério Público do Rio de Janeiro e acompanha a vítima, informou que a decisão é passível de recurso, além de lamentar “a escolha, que prejudica o bem-estar emocional e psicológico da vítima, colocando-a em risco de intimidação, e alerta para a possibilidade de fuga do acusado”, escreveu.
Em nota publicada no Instagram, a ONG declarou que não há informações sobre o passaporte internacional de Alexandre, não sabendo se o documento foi apreendido, se o padre possui passaporte missionário ou dupla cidadania.
Relembre o caso
O MPRJ, por meio da Promotoria de Justiça de Investigação Penal de Nova Friburgo, denunciou o padre Alexandre Paciolli Moreira de Oliveira, conhecido como padre Alexandre Paciolli, pelos crimes de importunação sexual e estupro de vulnerável, cometidos contra uma mesma mulher, em agosto de 2022 e janeiro de 2023, respectivamente, em Nova Friburgo.
As investigações foram realizadas pela Promotoria de Justiça de Investigação Penal de Nova Friburgo, que ofereceu denúncia no dia 26/03. A denúncia do MPRJ destaca que o criminoso é um líder religioso pertencente à Igreja Católica, muito carismático, conhecido e influente.
O padre já foi reitor da Igreja da PUC/RJ, responsável pela Igreja de São José, no bairro da Lagoa/RJ, e apresentador de programas de televisão na TV Canção Nova, aí incluído um programa dedicado às mulheres, denominado “mulheres de fé”. Além disso, foi o fundador da Comunidade Olhar Misericordioso. O seu número de seguidores em redes sociais, somado com o número de seguidores da comunidade, alcança o patamar de 200 mil pessoas.
A Arquidiocese do Rio de Janeiro já recebeu diversas notícias de abusos sexuais cometidos pelo padre, havendo, também, outras investigações policiais em curso, em outras comarcas do estado. No que tange ao caso ocorrido em Nova Friburgo, o padre, se utilizando da ingenuidade e da fé da vítima, e sob o pretexto de estar sentido fortes dores, passou a praticar atos libidinosos com a vítima que, tendo o denunciado como seu sagrado protetor, não conseguiu oferecer resistência.
A pedido do MPRJ, a 1ª Vara Criminal de Nova Friburgo expediu mandado de prisão preventiva contra o religioso, que foi preso no início da tarde do dia 3 de abril, em Fortaleza, Ceará, na casa de seu pai. A captura do padre se concretizou através de ação conjunta entre a Promotoria de Investigação Penal de Nova Friburgo, a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de Nova Friburgo e a Delegacia de Narcóticos – Denarc -, da Polícia Civil do Estado do Ceará.
O MPRJ se coloca à disposição de outras eventuais vítimas de Alexandre Paciolli Moreira de Oliveira, através de seus canais de atendimento, para dar início a novas investigações.
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