Um grupo de pesquisadores desvendou o porquê do novo coronavírus ser mais grave em pacientes diabéticos. Os estudos da Unicamp e FASEP mostram que o teor mais alto de glicose no sangue é captado por um tipo de célula de defesa conhecido como monócito e serve como uma fonte de energia extra, que permite ao novo vírus se replicar mais do que em um organismo saudável. Em resposta à essa crescente carga viral, os monócitos passam a liberar uma grande quantidade de proteínas com ação inflamatória denominadas citocinas, que causam a morte de células pulmonares, além de outros efeitos.
Os pesquisadores analisaram inicialmente dados públicos de células pulmonares de pacientes com quadros médios e severos de Covid-19. Foi observada uma super expressão de genes envolvidos na chamada via de sinalização de interferon alfa e beta, que está ligada à resposta antiviral. Os pesquisadores observaram ainda no pulmão de pacientes graves com o novo coronavírus uma grande quantidade de monócitos e macrófagos, duas células de defesa e de controle da homeostase, condição de equilíbrio do ambiente interno corporal.
Monócitos e macrófagos eram as células mais abundantes nas amostras e as análises mostraram que a chamada via glicolítica, que metaboliza a glicose, estava bastante aumentada.
Os pesquisadores usaram antioxidantes nas células infectadas e viram que a hipóxia 1 alfa diminuía a sua atividade e, assim, deixava de influenciar o metabolismo da glicose. Como consequência, fazia com que o vírus parasse de se replicar nos monócitos, as células de defesa infectadas, que não mais produziam citocinas tóxicas para o organismo.
“Quando intervimos no monócito com antioxidantes ou com drogas que inibem o metabolismo da glicose, nós revertemos a replicação do vírus e também a disfunção em outras células de defesa, os linfócitos T. Com isso, evitamos ainda morte das células pulmonares”, diz o pesquisador Moraes-Vieira.
Os estudos ainda não foram finalizados.
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